Eu, a porta e o bonus

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                                     Sasuke

Não consegui esperar pelo dia seguinte. Não quis acordar Suigetsu aquela hora da noite e também não esperei pelo elevador do prédio de Naruto. Subi vinte andares de escadas, às pressas, sentindo meu joelho doer a cada degrau que eu pisava. Não esperei Naruto atender as minhas ligações antes de bater várias e várias vezes na porta do seu apartamento. Ouvi resmungos dos vizinhos do corredor quando Naruto finalmente abriu a porta.

— Acho melhor você ter uma boa justificativa para vir aqui a essa hora...

— Sakura descobriu tudo — disparei.

Naruto, cujo cabelo era uma desordem sem fim, piscou uma vez. Depois piscou de novo. Então deu um passo para o lado.

Entra.

Assenti e entrei sem qualquer cerimônia no apartamento de cores tão vibrantes quantos as roupas laranjas que Naruto costumava vestir.

Ouvi o som da porta sendo fechada e os pés descalços contra o piso conforme meu amigo sonolento se aproximava do sofá. Com um bocejo, ele indicou a poltrona diante dele. Eu sentei.

— Vamos começar do início — Naruto massageou o rosto. Então finalmente me encarou. Tomei seu silêncio como a permissão para que eu começasse e assim o fiz.

Não havia muita coisa que ele já não soubesse. Então os cinco minutos que eu me permiti falar foram sobre o que havia acontecido no escritório. Naruto ouviu tudo atentamente e quando eu terminei ele ficou minutos consideráveis em silêncio. Aquilo era definitivamente irritante.

— Você... — ele respirou fundo. — é bem burrinho as vezes. — franzi o cenho. — Como você pode ter deixado a pasta no seu escritório sabendo que Sakura tem total acesso a ele?

— Eu não sabia que a pasta estava la. Achei que Karin houvesse levado para o meu outro escritório.

Burro.

— É assim que você fala com seus pacientes?

— Só com aqueles que me acordam a uma da madrugada — Naruto rebateu, levantando e seguindo em direção a cafeteira sobre a bancada que separava a cozinha da sala. — Eu não queria dizer isso, mas eu me sinto na obrigação de dizer que eu te avisei.

— Me avisou? — o encarei com desdém quando Naruto me estendeu uma xícara de café.

— Avisei que você deveria ter contado a verdade a ela.

— As pessoas pagam quatrocentos reais por sessão pra ouvir péssimos conselhos como esse?

— Se você tivesse ouvido meu péssimo conselho, você não estaria aqui, acordando metade do meu andar ao quase derrubar a minha porta.

Desviei o olhar para a xícara, bebericando do café horrível, completamente irritado por ele estar certo. Desde que Naruto soubera que Sakura era a garota da cafeteria, ele tinha me dado esse péssimo — não tão péssimo — conselho. Mas eu não o segui, porque havia porém demais.

— Você sabe muito bem porque eu não contei. — encarei Naruto com seriedade ao colocar a xícara vazia ao meu lado no chão — Contar a verdade, seria contar sobre Beatriz. Além do mais, Sakura fugiria de mim se soubesse a verdade.

— Eu vou repetir de novo: você está postergando o inevitável. A família de Beatriz é amiga da sua família e seus pais adoram ela. Como você pretendia lidar com a possibilidade de você e Sakura estarem juntos e encontrarem com Beatriz em uma das confraternizações que seus pais fazem?

Me, him and the Kids - SASUSAKUOnde histórias criam vida. Descubra agora