Eu, a oportunidade e a entrevista

509 55 36
                                    

Uma das características mais marcantes da minha personalidade com certeza era a determinação. Eu era muito determinada. Não importava quão complicada fosse a situação, se eu tivesse determinação bombeando pelas minhas veias, eu sempre conseguia resolver as coisas, não importava quantos obstáculos eu teria que ultrapassar.

Assim, eu não iria desistir. Nem que eu ficasse a noite toda parada ali, nem que meus braços doessem e a água do mundo acabasse, eu não iria desistir de tirar aquela mancha marrom do meu vestido.

Esfregando com força o tecido entre as palmas da mão, eu estava apoiada ao tanque da lavanderia da casa de Ino. A espuma do sabão escorria pelos meus braços e iam até meus cotovelos conforme eu esfregava e molhava e esfregava o tecido sujo.

Eu não poderia desistir daquele vestido. Ele era um dos meus preferidos e um dos poucos que valorizavam meus peitos quase inexistentes.

— Essa roupa é minha? — Ino perguntou ao entrar na área da lavanderia.

Eu não respondi, porque aquela certamente era uma pergunta retórica. Já que o conjunto de oncinha que eu vestia não era muito bem a minha vibe.

— A-HA! — eu não contive o entusiasmo e pulei freneticamente quando a mancha finalmente desapareceu. O tecido provavelmente estava todo esfarrapado devido o tempo de fricção, mas esse não é ponto que vem ao caso.

— O que houve com o seu vestido? Você e o loiro pantene resolveram testar um fetiche que envolvia lama?

Eu olhei tediosamente pra Ino e rolei os olhos antes de enxaguar o vestido e estender em meio ao mar de roupa com estampas de animais e ternos sociais. Sinceramente, eu não sabia de onde vinha esse gosto peculiar de Ino.

— Eu salvei um menino de ser atropelado, acabei escorregando na lama, e ganhei uma proposta de emprego como babá dele.

Eu disse calmamente ao seguir em direção a cozinha. Ino me seguiu.

— Essa é uma história bem estranha e eu não acredito nem um pouco nela.

Eu não rebati a declaração de Ino, porque se fosse eu no lugar dela e ela com a minha personalidade, eu também não acreditaria. Porque ninguém olharia pra mim e confiaria fielmente a segurança de um filho nas minhas mãos. Karin havia sido a única exceção. E, bom, ela não era mãe de Naoki.

— Quem em sã consciente confiaria um filho a você?

— Por mais incrível que isso pareça, ainda é verdade. — eu estendi o panfleto que Karin me entregou naquela tarde e que eu havia esquecido de jogar.

Ino sorriu e depois sua expressão se tornou séria à medida que ela parecia ler as frases contidas no papel.

— Nossa — ela sussurrou e eu cheguei a conclusão que os requisitos exigidos deviam ser em outro patamar. — Você já leu isso? — apontando para a folha, Ino perguntou.

— Não. — respondi prontamente, pegando uma maçã na cesta de frutas sobre a bancada da cozinha. — Por que? Eles estão me exigindo muito mais que um dinossauro? – eu sorri com graça, mas Ino não acompanhou.

— Não, sua idiota, eles estão praticamente te dando um milagre pra sua situação — ela disse, rodeando a bancada ao se aproximar de mim. — Olha só. Você terá tudo, Sakura. Tudo.

Eu bufei quando Ino praticamente grudou a folha no meu rosto. Porque nossa definição de tudo, na maior parte do tempo, era diferente. Enquanto tudo para Ino era o básico pra sobrevivência, pra mim era o básico pra sobrevivência, mais o dinheiro pra minha doceria e de bônus um daqueles atores de dorama que eu costumava assistir.

Me, him and the Kids - SASUSAKUOnde histórias criam vida. Descubra agora