Eu, as instruções e a relutância

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A rotina de acordar cedo, definitivamente, não era uma dificuldade pra mim. Embora eu preferisse passar o dia na cama, acordar às seis da manhã era algo que eu já estava a muito tempo acostumada. Assim, após finalizar o rabo de cavalo no cabelo, ajeitar a blusa rosa com uma estampa aleatória de flores no busto, e tirar os fiapos de tecido da minha calça jeans azul, eu abri a porta, verificando se Sabino não estava à espreita, e deixei o meu quarto, cumprimentando a senhora Chiyo em seguida — e sendo completamente ignorada.

O cheiro de café sendo coado, misturado ao aroma delicioso de pães, fez meu estômago roncar. Contendo a vontade de atacar a cestinha de pão de queijo sobre a bancada retangular, eu comecei a folhear o caderno de rotinas que Karin havia me entregado no dia anterior, verificando o que as crianças fariam no decorrer daquele dia.

Eu teria que fazer algum tipo de milagre pra me dar bem com os cinco no andar superior, porque não tivemos um bom começo — e acho que o meio e o final não seriam diferentes. Sinceramente, se não tivesse a cláusula de devolução no contrato, eu já teria metido o pé da mansão no momento que a primeira almofada acertou o meu rosto, mas como eu não tenho um centavo de reais no bolso furado da minha calça, eu teria que ficar aqui pelos próximos quarenta e quatro dias.

Ao término do meu contrato de experiência, eu iria embora sem olhar pra trás. Eu preferiria enfrentar a fila do desemprego mais um vez do que as bicadas de Mister Sabino no meu calcanhar. Então, a única coisa que eu realmente precisava nas próximas semanas, era sobreviver a todo custo, cumprindo as responsabilidades daquele caderno.

Assim, aproveitando a distração da senhora Chiyo com a garrafa de café, eu roubei um pão de queijo e comecei a andar em direção a escada de serviço, na intenção de colocar meu primeiro objetivo daquele dia em prática: acordar as crianças para irem pra escola. Contudo, totalmente concentrada no caderno em minhas mãos, eu não percebi que alguém descia as escadas.

— Ai! — eu resmunguei quando meu corpo se chocou com o de Sasuke.

O pão de queijo da minha boca foi ao chão, mas eu fui rápida em me abaixar e pega-lo, aproveitando a regra dos cinco segundos.

— Me desculpe, senhor Uchiha — eu disse de bochecha cheia, após colocar automaticamente o pão de queijo inteiro na boca.

— Bom dia... — com a mesma calmaria da madrugada, enquanto analisava eu mastigar rapidamente, ele disse.

Bom dia.

Quando finalmente consegui engolir o pãozinho, eu respondi. Eu dei dois passos pra trás, dando espaço para que Sasuke passasse e assim ele o fez. Eu já havia o considerado um homem muito bonito a meia luz da madrugada, mas agora, com o sol do início da manhã irradiando por toda a cozinha, eu tive mais certeza que ele realmente era muito bonito. Principalmente vestindo-se socialmente com uma blusa branca, cujas mangas estavam perfeitamente arrumadas na altura dos cotovelos, e uma calça preta.

O senhor Uchiha era alto também e notei que possuía um corpo bem atlético por baixo de toda aquela roupa. Com aquela fisionomia agradável e a quantidade de filhos, eu me perguntei quantos anos ele teria.

— Pra onde você estava indo? — ele perguntou ao tomar o lugar da ponta oposta da mesa.

Eu sobressaltei.

— Eu? Huum... estava indo acordar as crianças para irem pra escola — eu respondi, apontando para a escada ao indicar o andar superior.

Sasuke acenou brevemente ao pegar uma faca e começar a fatiar frutas, queijos e presuntos. Alguns segundos de silêncio me fizeram pensar que eu poderia subir, mas quando eu pisei no primeiro degrau da escada, ele começou:

Me, him and the Kids - SASUSAKUOnde histórias criam vida. Descubra agora