Eu, o trevoso e o espelho

456 53 39
                                    

As aulas práticas de violino, que Sasuke estava tendo com Yuki, estavam surtindo efeito no garoto entusiasmado de blusa amarela do Bob Esponja. A professora não havia dispensando elogios quando Yuki foi o único que não errou uma nota durante o ensaio para o recital.

— Você ouviu, babá namorada do papai? — Yuki saltitou pra dentro da mansão quando eu abri a porta. O violino sacudiu dentro da case em suas costas. — A professora disse que eu fui excelente!

Dei uma risada, ainda não totalmente acostumada com aquele novo modo que Yuki havia passado a me chamar. As vezes era só babá, as vezes era só namorada, e as vezes ele juntava as duas, o que pra mim era muito fofinho.

— Eu ouvi sim — respondi ao finalmente fechar a porta. — Assim como ouvi todas as 17 vezes que você repetiu do caminho da escola pra cá.

— Elogios devem ser lembrados — Yuki deu de ombros.

— Você! — nós dois sobressaltamos com a voz intimidadora de Temari. Ela tinha um dedo apontando para Yuki. — Venha logo pra cá e comece já a ensaiar seus passos da dança antes de eu ir embora.

Tirei a case das costas dele antes de Yuki caminhar até o centro da sala onde, de novo, os sofás estavam afastados para ceder espaço para os ensaios.

Dei um sorriso quando Sasuke me encarou brevemente antes de voltar a atenção para as instruções que Mahina lhe dava. Com as mãos dele em sua cintura, ela dizia como Sasuke deveria levanta-lá na parte onde a música chegaria em seu ápice de perfeição.

Não havia arrogância no rosto dela, tão pouco antipatia conforme Sasuke a erguia brevemente de um modo errado o suficiente para Mahina fazer uma leve careta antes de sorrir.

Sorrir. Mahina havia passado a fazer mais isso naqueles últimos dias. Havia passado a sorrir comSasuke. Eu havia percebido também que eles haviam passado a trocar mais de meia dúzia de palavras durante os ensaios, assim como Mahina havia começado a ficar menos rígida na presença dele. Por mais que tivesse morrendo de curiosidade em saber sobre o que eles passaram a conversar, eu preferi não me envolver naquele pequeno início de relação — pelo menos não agora.

Assim, sustentando um sorriso satisfeito enquanto Naoki, Yuki e Ryo eram orientados por Temari sobre o tempo da música, eu caminhei em direção a cozinha. Como todas as vezes, as crianças provavelmente ficariam famintas depois dos ensaios, então eu tinha que fazer mais algumas coisinhas pra complementar os cupcakes que eu havia preparado pela manhã.

Completamente focada na case de Yuki em minhas mãos, eu só prestei atenção que havia alguém na cozinha quando estava a menos de dez centímetros da bancada central.

— Jesus! — levei uma mão ao peito ao sobressaltar. O rapaz escorado à bancada da parede sequer fez menção de levantar o rosto e me encarar.

Franzi o cenho com estranheza, colocando o violino de Yuki sobre uma das cadeiras da mesa.

— Olá... — hesitei ao cumprimentar, olhando de um lado para outro enquanto me perguntava se ele era um intruso. Principalmente porque a aparência dele, que assim como a minha, destoava e muito de toda a decoração da casa e das pessoas. Contudo enquanto eu era um arco-íris, ele era trevoso.

O cabelo dele era vermelho como o de Sasori. Piercings enfeitavam uma de suas orelhas junto com o brinco de argola pequeno. Ele vestia uma blusa preta de uma banda de rock muito famosa e havia algumas pulseiras com pequenas coisas pontiagudas em seus pulsos.

— O que é isso? — a voz soou incrivelmente calma. Franzi o cenho de novo e finalmente percebi o que ele tinha entre os dedos.

— Um cupcake — respondi o óbvio e olhos de uma tonalidade verde mais clara do que os meus me encararam.

Me, him and the Kids - SASUSAKUOnde histórias criam vida. Descubra agora