Eu, a inaptidão e a encrenca

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Aquela pequena — grande, importantíssima — informação havia sido como um baque na minha mente. Porque não importava quantas coisas agora fizessem sentido, eu ainda tive muitas dificuldades em acreditar.

Um poço de silêncio e perplexidade foi o que eu me tornei quando Sasuke me contou que ele não era o pai das quatro crianças que tacavam bolinhas uns nos outros ou faziam passos de dança que nem em cem anos eu conseguiria imitar.

Minutos. Minutos infinitos passaram enquanto eu processava aquela reviravolta e Sasuke pareceu esperar por algum tipo de perguntas da minha parte. E quando eu finalmente saí do meu estado de inércia, Yuki me tomou a oportunidade de derramar minha chuva de perguntas sobre o pai dele — ou tio... ou sei lá.

Sasuke não era pai. Quer dizer, não no sentido biológico da coisa.

Mas como Sasuke não seria o... pai daquelas quatro crianças sapequinhas quando Naoki era como um versão em miniatura dele? E Mahina sua versão feminina? E Yuki e Yuri versões de cabelo castanho?

Aquilo parecia uma brincadeira sem graça. Uma brincadeira que dava sentido a declaração de Chiyo quando eu cheguei a casa ou sobre o fato de Naruto ter dito que por mais que fosse impossível, o jeito arredio de Mahina era de total crédito a Sasuke, ou explicava porquê dela o chamar pelo nome, ou quando Sasuke disse que apesar das circunstâncias, ele era o pai de Yuri,

Mas ele não era. Não biologicamente, é claro. Porque, na verdade, o pai era um irmão de Sasuke cuja existência eu sequer sabia.

Um irmão que provavelmente não estava mais vivo. Pelo menos essa era a única razão das crianças não estarem com o pai verdadeiro ou com a mãe... mas Sasuke tinha uma esposa, não? Porque o que ele usava no dedo era com certeza uma aliança. O que houve com ela também? Na verdade, o que houve com todos eles?

Eu não tive respostas. E quando os dias passaram, eu não pude — e se pudesse não teria coragem — perguntar a Sasuke sobre o que aconteceu e eu não sabia se as crianças tinham conhecimento dessa pequena informação — e eu quem não seria a pessoa a trazer a tona esse drama familiar.

Assim, eu apenas esperei. Esperei pelo momento que Karin viria até a casa. Mas, infelizmente, Naruto foi o Uzumaki que nos visitou. Então eu tive que tomar medidas drásticas: a senhora Chiyo.

Havia algum tipo de gororoba fervendo na panela, com cheiro que oscilava entre coentro e gengibre. A senhora Chiyo cortava mais algumas coisas ao lado da pia enquanto eu terminava de ajeitar alguns lanchinho criativos na bandeja sobre o balcão central. Chiyo sequer havia percebido que eu praticamente me tornara sua sombra no decorrer daquela sexta-feira — o que foi bom. Assim, fingindo pouco caso eu me aproximei dela à bancada da parede.

— Senhora Chiyo... eu posso fazer uma pergunta?

— Não — fiz uma careta. Ela me olhou de canto, então riu. — O que é garota?

— Quando... — eu me estiquei pra pegar alguns copos no armário a cima. — Quando as crianças vieram morar com o senhor Uchiha?

Uma risada baixa.

— Na verdade, Sasuke quem veio morar com as crianças — ela me corrigiu com cordialidade. — Antes de se mudar pra cá, ele morava em um apartamento junto com a esposa.

— Então quando eles vieram para cá?

Chiyo se voltou completamente pra mim, me avaliando. O vestido comprido cinza oscilou com o movimento.

— Sasuke é viúvo — ela disse simplesmente. Então a esposa dele também havia falecido, de fato. — Então apenas ele veio morar aqui.

Eu encarei os seis copos sobre a bancada a minha frente. Minha voz estava suave ao perguntar:

Me, him and the Kids - SASUSAKUOnde histórias criam vida. Descubra agora