Eu, a proposta e o milagre

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A praça era um lugar realmente agradável para se estar. A grama em verde vivo estava mais bonita devido às chuvas das últimas semanas e o clima relativamente bom da capital atraía várias pessoas para um momento de lazer.

De joelhos sobre o lençol florido estendido no gramado, eu separava calmamente as mechas loiras do cabelo de Deidara, acreditando com fervor na minha capacidade de fazer uma trança em seu cabelo.

— Acho que você deveria procurar um emprego em outra cafeteria ao invés das lojas que você tem pensado trabalhar, sabe? Trabalhar como vendedora é um desperdício de talento. — Deidara disse de boca cheia e, mesmo que eu não pudesse ver seu rosto, eu tinha certeza que havia glacê do bolo em sua bochecha.

Quando eu finalmente tive coragem de responder à mensagem explícita em meu direct, dois dias haviam passado. Minhas esperanças de uma reposta eram bem baixas devido ao vácuo, mas Deidara se mostrou bem determinado em encomendar a confeiteira para um encontro. Assim, no sábado que se sucedeu após a minha demissão e a notificação de despejo, nós saímos para um encontro amigável, onde eu terminei enrolada com ele nos lençóis. Desde então, nas últimas três semanas nós passamos a nos encontrar algumas vezes e desenvolvemos uma espécie de amizade colorida.

— E acabar na mesma situação que a da senhora Beatriz? Eu dispenso — eu disse e pude ouvir um riso baixo.

— Ela cometeu um grande erro em demitir você. Todas as vezes que eu fui lá, ouvi mais de uma vez algum cliente perguntar pela garota de cabelo rosa.

— Eles devem estar com saudade da minha cortesia — disse com graça, passando uma mecha por cima da outra ao dar forma a minha trança.

— Eu também ficaria com saudades — Deidara deu mais uma mordida no bolo de chocolate. — Ainda bem que agora eu tenho a confeiteira exclusivamente pra mim... quase na verdade.

Eu ri com o tom desapontado que ele havia usado. Porque a palavra "exclusiva" não se encaixa muito bem na situação em que estávamos — e eu não estava falando só sobre os doces.

Sem emprego e com baixas expectativas de ser contratada, eu voltei a divulgar meu trabalho nas redes sociais e consegui encomendas que me garantiram um dinheiro relativamente bom.

Contudo, o valor que eu consegui com as vendas não foi o suficiente pra me garantir uma probabilidade de sustento no futuro, porque os ingredientes e os materiais que eu havia usado pra fazer meus doces, foram à custas de Ino e até mesmo de Deidara.

— Eu vou trabalhar como vendedora e fazer meus doces depois do trabalho pra ganhar um dinheiro extra. Como vou mudar pra um apartamento mais caro, eu preciso de mais dinheiro.

— Depois do trabalho? — ele perguntou, me olhando por cima do ombro. Eu assenti. — E que horas você pretende dormir?

Amarrando a trança com um elástico rosa neon, eu ponderei sobre aquela pergunta. Com a expressão da Nazaré Tedesco, eu calculei o tempo que eu levaria pra chegar em casa e cozinhar. Quando finalmente terminei, eu respondi:

— Acho que umas 2 da manhã.

— Pra acordar às 6 da manhã? — Deidara arqueou uma sobrancelha quando eu me sentei diante dele. — Perdeu o juízo?

— Quatro horas de sono são o suficiente. — pegando uma fatia do bolo entre nós dois, eu respondi.

— Suficiente pra te matar de cansaço. — Deidara rebateu, me servindo um pouco de suco. — Você não pode estar consideração essa loucura como opção.

— Eu não tenho outra alternativa.

— Se o problema é o apartamento, vem morar comigo.

— Cooom certeza — eu disse com ironia, rindo ao entornar o copo de suco. Porém, quando encarei Deidara e não vi o mínimo de graça em sua expressão eu parei. — Espera... está falando sério?

Me, him and the Kids - SASUSAKUOnde histórias criam vida. Descubra agora