16 - Epithymia

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Epithymia.
nome masculino

1.    Em grego, acatar os desejos (de alguém). 



Luiza

A cada segundo que passava, eu tentava me controlar, buscava me recompor mas eu não conseguia tendo Valentina Albuquerque - com aqueles olhos que me levavam pra fora da órbita - na minha frente. Fomos interrompidas por pessoas que entraram no banheiro e o nosso maior obstáculo agora, além de querer deixar nossos lábios colados, seria sair dali sem ninguém nos ver juntas.

Era um desafio, claro. Mas era possível. Ao ouvir o banheiro esvaziar, me recompus e optei por sair primeiro deixando Valentina ainda na cabine. Me dirigi até o bar, solicitei mais uma caipirinha enquanto esperava Valentina voltar. Em minha cabeça, já tinha passado a cena do nosso beijo umas dez vezes. Eu queria mais, muito mais. Só não saberia como.

Valentina vinha se aproximando de mim e naquele momento, eu a encarava de uma forma totalmente diferente. Eu a queria de um jeito que nem eu saberia explicar e sabia que era recíproco. Como eu iria transar com uma mulher se nunca tive essa experiência? Ok, beijei algumas na época de faculdade mas não passava disso.

- Então - pigarreou - Mais uma caipirinha?

- Acabei de pedir. - Soltei um sorriso malicioso que foi retribuído por ela. Puta que pariu!

Tentei disfarçar o meu desejo por ela mas talvez eu não estivesse conseguindo já que Valentina vez ou outra deixava suas coxas mais aparentes pelo curto vestido que usava. A minha vontade era de beijar cada parte da sua coxa ali mesmo, mas eu sabia que não poderia.

- Quem diria que aquela médica que nem me conhecia iria estar aqui hoje bebendo comigo? Uma médica gata que me salvou no meio da escada.

- Você me deu um baita susto! A vida nos surpreende, realmente. E por falar nisso, a senhorita já foi fazer o checkup?

- Não... minha mãe está enchendo o saco pra fazer mas ainda estou sem paciência. - Bufou.

- Você sabe que é necessário, não é?! - Arregalei os olhos.

- Eu sei, doutorinha. Pelo menos tenho uma médica bem eficiente pra cuidar de mim agora.

- Vai achando, mocinha!

Tomamos mais uma caipirinha juntas, sambamos mais um pouco, ou tentamos, e eu já estava me sentindo saturada daquele barulho. Talvez o álcool tivesse contribuído.

- Ei, quer ir pra longe daqui? - Valentina sugeriu me fitando com os olhos. Pelo visto, ela percebeu minha impaciência.

- Agora mesmo!

Pagamos a conta e Valentina estendeu sua mão pra mim, eu a segurei e ela entrelaçou nossos dedos em seguida. Estar com Valentina era gostoso, me fazia sentir mais viva, mais jovem. Era como algo clichê, todos os meus problemas ficavam pra trás quando eu estava com ela.

- Vou te levar num lugar que amo. Vem! - Ela disse empolgada.

Pegamos um Uber e ela sinalizou o local da sua casa, estranhei mas não questionei. Ao chegarmos, Valentina se dirigiu até o enorme jardim de sua casa. Era tudo muito iluminado, haviam mesas dispostas ao redor da piscina e no alto, era possível visualizar uma casa na árvore iluminada.

- É aqui! - ela apontou pra casa - Preparada pra conhecer?

- Ai meu Deus! - Eu disse surpresa.

Ela balançou a cabeça positivamente, segurou minha mão para que eu me apoiasse na escada e eu subi tentando controlar o meu medo de altura. A casa era espaçosa, havia uma cama, uma mesa de cabeceira e um frigobar preto. A iluminação amarela do local deixava o ambiente mais aconchegante. Nas paredes, haviam fotos em formato polaroid possivelmente tiradas por ela mesma.

GAROTA DA VITRINEOnde histórias criam vida. Descubra agora