39 - Onde anda você?

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E por falar em saudade
Onde anda você?
Onde andam os seus olhos que a gente não vê

Onde anda esse corpo, que me deixou morto de tanto prazer
(Onde anda você - Vinicius de Moraes)



Luiza

A conversa com o Heitor foi necessária pra que eu encerrasse mais um ciclo da minha vida. Consegui colocar em prática o perdão, seguir a vida e finalmente concentrar na melhora de todos os âmbitos da minha vida. Depois da breve conversa, voltei pra casa incomodada com o calor e o sol forte que batia na calçada de Copacabana. Cumprimentei seu Carlos, subi até a minha casa onde minha mãe e Liz me esperavam sentadas no sofá. As duas estavam sentadas uma de frente pra outra com um semblante nada atrativo.

- Nossa, que clima de enterro é esse? - Perguntei fechando a porta e caminhando até elas.

- Luiza... - Lavínia ensaiou levantar do sofá em direção a mim.

- Lu, senta aí! - Eu assenti com a cabeça já estranhando aquele clima e sentei com calma no sofá.

- O que está acontecendo? - Ergui a sobrancelha.

- Lu, olha isso aqui - Liz em estendeu o celular pra mim. 

- MEU DEUS! - olhei pro celular assustada e meu coração disparou imediatamente - O QUE É ISSO?

- A gente que te pergunta, minha filha. O que é isso?

Eu não conseguia assimilar o que tinha acabado de ver. O que eu tinha acabado de ler. O poder da internet é algo que me surpreende cada dia mais.

- Eu... Meu Deus! E-eu encontrei o Heitor por acaso no calçadão, mãe. Ele me parou e quis falar comigo, me pediu desculpas, falou sobre a vida dele. Não foi nada demais, isso não é justo! - Eu falava desesperadamente, minha voz estava rouca e os meus olhos já marejados.

A tristeza novamente se fez presente em meu corpo e na minha alma. Mais uma vez a internet se mostrou ser uma máquina de autodestruição de relacionamentos, de pessoas, de caráter. Assim que me recuperei do susto, peguei o celular e liguei diversas vezes pra Valentina mas não adiantou. Ela não atendia, não respondia as minhas mensagens. Tudo que eu mais queria era estar frente a frente com ela e poder explicar o que realmente aconteceu.

O que eu realmente quero. Mas pelo visto, isso não seria possível tão cedo.


Duas semanas depois

Nunca foi tão difícil ter que lidar com os meus próprios sentimentos. Depois de cinco sessões de terapia com a Ana, eu consegui expor todos os meus medos e as minhas mais sinceras dores. E nisso, percebi o quanto fui fraca com a Valentina e o quanto eu ainda a amo. Cada dia que se passa a saudade aumenta, o medo de realmente ter perdido o amor da minha vida já fazia parte dos meus dias. Tentei procurá-la através da Ariana, do Igor e até mesmo da Serena, mas, sem sucesso. Valentina não queria contato e a única alternativa que tive foi respeitar esse momento.

Finalmente era a hora de voltar ao trabalho e colocar a minha vida no lugar novamente. Eu estava feliz e envergonhada ao mesmo tempo já que naquela altura todos já sabiam da minha vida pessoal sendo que eu sou a pessoa mais discreta possível. Assim que cheguei no andar da Semi-Intensiva II, fui surpreendida com uma confraternização entre os colegas do meu setor. Fui recebida com algumas comidas, bebidas e uma placa escrita "bem-vinda de volta". Eu estava feliz em ver aquele carinho e cuidado das pessoas comigo, no fundo, eu achava que nem merecia tanto.

GAROTA DA VITRINEOnde histórias criam vida. Descubra agora