10 - Aquela noite

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Valentina

Não era fácil estar perto de Luiza. Não era fácil vê-la sofrendo por um cara que não a merecia. Eu não sei explicar mas desde o momento que vi aquela mulher no Café, eu senti que deveria protege-la. E eu tentaria a todo custo.

Sentia que estava sendo cada vez mais invasiva e Luiza parecia estar incomodada. A Duda me apoiava a continuar mas eu já não queria que ela me odiasse mais ainda.

Inventei a desculpa de que estaria viajando por essas duas semanas, mas na verdade, só viajei por um final de semana. Eu sabia que eu teria que dar um tempo a ela, sabia que ela tinha que ter esse momento pra se recuperar. Então, sinto que fiz o certo. Por sorte, tinha a Duda que me atualizava de tudo e me dizia que já era a hora. A Luiza estaria finalmente pronta pra dar um passo além na sua vida?

- Valen! VALEN!

- Oi?! Nossa, você não sabe bater na porta? - Perguntei irritada e em seguida pressionei o travesseiro contra a minha cabeça.

- Na sua não. - Igor estava com uma cara de ressaca e me tirando do sério já as nove da manhã.

- O que você quer, estrupício?

- Te falar Tina, a Serena passou aqui rapidão e pediu pra avisar que o seu trabalho foi adiado pra amanhã. Ou seja, tá de folga! - Deu uma piscadela.

- Hum... Estranho, o contratante pediu pra ser hoje de qualquer jeito. - Estranhei.

- Bom, curta seu dia de folga - jogou um travesseiro em mim me fazendo bufar - vou pra piscina.

Igor e eu somos o tipo de irmãos que implicam um com o outro e ao mesmo tempo são inseparáveis. Eu não vivo sem ele e vice versa. Ele, de fato, é o meu alicerce nesta casa. Morar com a minha família era um problema que ainda me incomodava, eu queria e tinha condições pra ter o meu próprio lar mas o apego/proteção da dona Catarina me atrapalhava imensamente.

Após saber que hoje teria folga, resolvi mandar uma mensagem pra Luiza e avisar que já teria voltado da suposta viagem. Colhi o celular que estava no bolso e digitei a mensagem esperando ansiosamente pela resposta que demorou a chegar.

Depois de conferir as minhas redes sociais, fiz minha higiene matinal e fui pra cozinha tomar café da manhã.

- Bom dia, filha! Dormiu bem? Olha, o seu médico, doutor Ricardo pediu que você voltasse lá pra fazer uma revisão. Vai ter que fazer eletrocardiograma, ecocardiograma, exames de sangue e também um...

- MÃE! Bom dia?! São nove e meia da manhã, dá pra me esquecer um pouco? - Impedi a fala dela revirando os meus olhos.

- É assim que você me trata? Eu tô sempre querendo o melhor pra você e é isso que eu recebo.

- É sim, dona Catarina. E ah, não tô pra seus dramas, por favor. - Virei de costas e me aproximei da Rita - Bom dia, Rita! Leva meu café no quarto, por gentileza?

Rita era a nossa amada funcionária do lar, me ajudava em tudo. Então assim que obtive a resposta dela, eu sabia que teria o melhor café do mundo no quarto em poucos minutos. Agradeci e me dirigi até o meu quarto sem ao menos olhar pra trás, ou melhor, para a minha mãe. É por esse e outros motivos que eu sonho em sair de casa, e pelo visto, está mais perto do que nunca.

Conferi o meu celular e recebi a seguinte resposta:

"Oi, Valen! Legal, podemos nos ver hoje? Mas o local você escolhe."

GAROTA DA VITRINEOnde histórias criam vida. Descubra agora