20 - Labirinto de emoções

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Valentina

Chegou um momento na minha conversa com o Igor em que eu perdi todos os meus sentidos e não enxergava mais nada ali. Quando recuperei, notei estar em um hospital, meus olhos doíam ao abrir, eu estava coberta de fios e num quarto totalmente isolado. Não dava pra ver nada nem ninguém.

Olhei para o lado e percebi estar tomando medicação na veia, seria esse o motivo de tanto sono? A minha noite no hospital foi totalmente desconfortável e agonizante. Eu só queria sair dali. Eu só queria ver a Luiza. Por alguns momentos, eu ouvia tudo ao meu redor mas não perdurava, logo eu era consumida por um sono fora do comum.

- Eu mesma, doutora Luiza. Demorou pra vim visitá-la, provavelmente ela já estava com saudade. - Era a voz da Alícia, o que ela estava fazendo aqui?

- Me poupe do seu deboche, por favor. Estou aqui pra verificar a paciente!

A Luiza está confrontando a Alícia? Eu só posso estar num pesadelo. EU PRECISO ABRIR OS MEUS OLHOS, EU PRECISO FALAR!

- Nem precisa. O médico já passou por aqui e a Valentina não precisa de você.

Meu coração acelerava e o sono já tomava conta de mim novamente. Não poder defender a Luiza era como se eu fosse inútil nesse mundo.


Flashback On

O clima em casa estava muito estranho, minha mãe estava impaciente e grossa. Qualquer coisinha descontava em mim e no Igor. O meu pai, vivia trancado em seu escritório. O que estava acontecendo?

Subi para o meu quarto e fui acompanhada pelo Igor que era o meu chiclete.

- Pelo amor de Deus, Igor! Me deixa descansar.

- Ô maninha, por que nosso pai não sai do escritório? - Perguntou inocentemente.

- Não sei... vai ver ele tem muito trabalho a fazer. - Menti. Eu sabia que não era esse o motivo.

- Mas ele trabalha em casa, ele não podia dar mais atenção a gente?

Igor com treze anos se mostrava mais esperto do que eu que tinha dezessete.

- É, maninho, vamos respeitar o tempo dele.

Abracei forte o meu irmão que era o meu alicerce, mesmo estando mal, ele fazia questão de se demonstrar presente. E sinceramente, isso me bastava.

Flashback Off


Alguns flashs do meu pai dominava a minha mente durante os meus sonhos. A falta dele dissipava nos meus dias e por mais que eu lutasse contra isso, a minha cabeça me auto sabotava.

Ao acordar com menos sonolência dessa vez, apertei o botão de emergência para chamar algum profissional e poder saber quando posso me livrar disso aqui. E claro, precisava a todo custo ver a Luiza.

- Senhora Valentina? Nos chamou? - Uma moça de jaleco apareceu.

- Oi! Eu preciso saber quando saio daqui...

- Bom, agora que despertou irei comunicar ao seu médico, certo? - A moça se aproximou do monitor que estava conectado em mim observando algo.

- E a Luiza? Digo, a doutora Luiza. Ela pode vim me ver? Preciso falar com ela.

- A doutora Luiza? Luiza Campos? - Eu assenti - Hum... eu posso verificar pra senhora.

- Por favor, agradeço.

- A sua mãe lhe espera lá fora, posso liberar a entrada?

- Aff - rolei os olhos - Pode.

Não demorou muito pra que a agitação da dona Catarina exalasse o quarto. Provavelmente eu estava num quarto isolado porque pelo tom de voz dela certamente o hospital inteiro já teria ouvido.

GAROTA DA VITRINEOnde histórias criam vida. Descubra agora