Observada

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Mais tarde vou ao Aurora, Phil está trabalhando, então me sentei numa mesa perto do balcão olhando o movimento. Está bem agitado por aqui hoje. Passo os olhos pelas pessoas mas meus olhos param em um par de olhos que estão fixos em mim.

Ele não desvia o olhar quando percebe que estou olhando, não me intimido e sustento seu olhar, noto sua aparência que é bem agradável aos olhos. Mesmo de boné preto, consigo ver que seu cabelo está recém costado, sobrancelhas grossas, o cenho está franzido, os olhos que estão fixos em mim são tão escuros e estão sombreados pela aba do boné. O nariz tem uma leve curva, acho que ele já foi quebrado fazendo com que tenha aquela vibe de badboy, os lábios rosados e grossos junto com uma barba por fazer no maxilar hexagonal, vestido todo de preto. Nosso contato visual é quebrado quando Phil passa na minha frente e se senta.

— Oi, gatinha. — cumprimenta ele.

— Oi, Phil, tudo bem?

— Estou bem e você?

— Estou bem, como foi seu dia? Muitos avanços nas investigações?

— Por enquanto nada.

— Que pena, mas você vai conseguir... — Phil começa a falar algumas coisas, mas não presto atenção.

Depois que ele sentou consigo ver de novo aquele cara e algumas vezes ele me encara, e estou quase indo perguntar qual o problema dele, mas reparo em outro par de olhos me encarando, estão olhando para mim e para Phil.

Amber, a funcionária que apelidei carinhosamente de antipática, a que me atendeu muito mal no primeiro dia que estive aqui, fica olhando toda hora para nós dois fazendo cara feia, quase fico com vontade rir.

— Você tem alguma coisa com a sua garçonete? — pergunto direta e Phil olha para trás — Se ela tivesse o poder de fulminar alguém com o olhar, seria eu, ela não para de olhar pra cá.

— Ah, você sabe, trabalhamos até tarde, às vezes acontece — ele dá de ombros.

— Não pode fazer isso com a sua funcionária, ela pode te acusar de assédio — alerto.

— Quem está com ciúme agora?

— Quê? Eu não estou com ciúme.

— Aí — ele diz colocando a mão no peito fingindo que está ofendido e ri.

— Eu vou ir no banheiro se me der licença, se eu não voltar, é porque ela me matou — digo e Phil ri.

Me levanto e vou ao banheiro, após sair sou praticamente prensada na parede ao lado pelo homem que ficou me encarando, e estou totalmente encurralada sem ter como sair.

— Fico feliz que tenha resolvido o mistério do Homem Sem Rosto — ele diz com a voz rouca.

— Obrigada.

— Minhas dicas sobre a garota e sobre a lenda não foram desperdiçadas, afinal, e pelo o que sabia você não queria ser relacionada com a polícia e agora era trabalhando com eles. Parabéns.

— Suas dicas? — digo devagar — Eu conheço você?

— Desculpe, sou o Ian — ele estende a mão em um cumprimento — Talvez você me conheça como Darkness — Pisco várias vezes assimilando a informação do que ele acabou de me dizer.

— Acho que não é coincidência que nós dois estamos aqui, não é?

— Pode ser, pode não ser.

— E como você sabia quem eu era?

— Eu tenho minhas fontes.

— Agradeço o que você fez no passado, mas acho melhor ficar longe de mim. — tento o afastar empurrando seu peito, mas ele nem se mexe.

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