Problema em Duskwood

Princesa

Ouço o barulho de bip de novo e porta abre, Ian entra com dois pratos e coloca em cima da mesa sorrindo com animação.

— Nossa, você está linda. — diz ele.

— Obrigada.

— Venha, vamos comer. — ele aponta para cadeira na frente dele e fico tentada a pega-lá e quebrá-la em suas costas e fugir, mas não faço isso.

Me aproximo dele sorrindo também e me sento, ele vai até a pia e abre a gaveta pegando duas colheres, claro que ele não seria burro de ter facas e garfos aqui embaixo, com toda certeza do mundo eu usaria para o atacar.

Começo a comer o prato que ele deve ter preparado e me lembro de Phil, pois ele tinha feito macarrão com queijo para mim e estava muito bom, este está bom também, mas não se compara.

— Estou feliz pelo nosso primeiro encontro oficial. — ele fala animado. — Como você está, princesa?

— Eu estou bem melhor agora que tomei banho e comendo, foi você quem preparou?

— Foi sim, especialmente pra você, linda. Você gostou?

— Está uma delícia! Eu queria saber como estão as coisas lá fora, Jessy, Alan e o Phil?

De repente o sorriso que Ian estava no rosto desaparece e ele levanta depressa e me dá um tapa mais forte no rosto do que da primeira vez fazendo meu pescoço estralar. Minha bochecha arde com a dor do peso de sua mão e lágrimas saem dos meus olhos.

Minha cabeça ainda está virada para o lado quando ele avança pra cima de mim e agarra os braços da cadeira me prendendo nela.

— É a segunda vez que você pergunta sobre algo lá de fora — ele diz praticamente cuspindo em mim — Deixa eu esclarecer uma coisa pra você, o Phil não foi o único que incriminei, deixei várias provas de que foi você quem o matou, então todo mundo de Duskwood te odeia, seu amiguinho hacker foi embora e os únicos que estão procurando por você é a polícia. Você não é ninguém, ninguém se importa com você lá fora, só eu me importo com você, será que não entende isso? — grita.

— Ian, me desculpe. — consigo dizer baixinho, minha voz sai trêmula.

Ian se afasta e eu finalmente viro meu rosto para ele, passo minha mão na bochecha para aliviar a dor. Ele se senta de novo e terminamos de comer em silêncio.

Me levanto e coloco os pratos na pia e os lavo sem Ian ter que pedir, ele já me sequestrou, me deixou aqui sozinha na minha própria sujeira, me acorrentou e me bateu, não quero pensar em que mais ele é será capaz de fazer comigo, sabendo que ele matou várias outras garotas.

— Você é tão prestativa, princesa. — ele se levanta e me abraça por trás e eu seguro as lágrimas e sorrio.

— Me desculpe por hoje. — me viro para encara-lo — Vamos recomeçar amanhã. Vamos ter um primeiro encontro de novo só que melhor, o que você acha?

— Ótima ideia.

Ele pega os pratos, os talheres e sai pela porta sem dizer mais nada e eu finalmente começo a chorar, não acredito que essa será minha vida, presa aqui sozinha sem ninguém me achar, ninguém sabe onde estou, ninguém me procurando.

Abro os armários e vejo uma garrafa de água rosa, a encho para pode beber água, também tem vários tipos de cápsulas de vitaminas, vitamina d, vitamina B12, vitaminas de ferro, zinco, tudo.

Eu nunca vou sair daqui...

Tiro o tênis e me deito na cama e choro até dormir.

Na noite seguinte quando Ian volta para jantarmos, conversamos um pouco, ele me diz que trabalha com informática em uma empresa pequena, que sua mãe mora na cidade vizinha e que é filho único, mas tudo o que eu queria saber era como ele se tornou esse lunático.