Capítulo 5

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Pov: Atlas.

Mais tarde naquele dia, Rooster e eu permanecemos na praia, conversando, sentados na areia e observando o sol se pôr. Perguntando da vida um do outro, permitindo que ambos conhecêssemos mais nossas novas versões, além de observar voos rasantes de caças no horizonte.

– Ele invalidou meus documentos, eu perdi quatro anos, Atlas – O tenente me contou, segurando minha mão e acariciando a mesma suavemente com o dedão.

Eu sempre soube desta história, aquilo foi um pedido de sua mãe, com medo que o destino de seu filho fosse igual de seu pai, morto por uma falha técnica, deixando sabe-se quem para trás sem a esperança de cura ou redenção.

– Sabe, Rooster... já pensou que essa atitude pode ter outras raízes além do que ocorreu com seu pai? – Lhe pergunto, aconchegando meu corpo ao seu, me recebendo com um abraço por meus ombros.

­– Como você pensa sobre isso? – Sua pergunta não precisava de respostas, ele já sabia o que eu queria dizer.

– Se meu marido falecesse em combate... eu não desejaria que meu filho seguisse seus passos, não aceitaria perder mais um – Direcionei meu olhar ao dele, enquanto seus olhos vagavam pelo oceano por trás de seus óculos escuros.

Ele suspira pesadamente, travando seu maxilar e logo relaxando, olhando para nossos pés até que chegasse em meus olhos. Com sua mão livre ele retira o acessório e pendurando em sua camiseta.

– Me sinto mais perto dele nos ares, como se ele guiasse as direções, a velocidade... Meu velho era o melhor – Ele sorri com um sentimento de nostalgia, alternando os olhares para meus olhos e o horizonte atrás de mim.

– O meu e o seu velho sempre serão os melhores – Aquela frase fora arriscada por se tratar de Maverick, tive medo dele não compreender meu ponto de vista.

– Ainda tenho raiva de Maverick, preciso digerir tudo que ele fez... Ele se meteu no meu caminho e atrasou anos de minha carreira. Meu pai confiou nele – Sentia um misto de raiva e tristeza em suas palavras.

– Ele teve medo de que você não estivesse pronto. Seu jeito de pilotar remete a tudo que ocorreu, sempre calmo para não ocorrer nenhuma falha. Ao contrário do Hangman que abandona seu ala, ao contrário do que um dia foi Iceman. Frio e sem medo. Você tem que deixar seu pai descansar – Coloco minha mão em cima de seu coração, acariciando a área por alguns segundos.

Logo, nossas testas se encostaram, simultaneamente nossos olhos se fecharam e nossas respirações sincronizaram. Ele deposita um selinho lento em meus lábios antes de continuar a conversar comigo.

– Vamos parar de falar de mim por hoje... já te causei muito dano. Me fale como foi sua missão, podemos tratar das nossas feridas, juntos – Sua voz sai em um sussurro, podia sentir minha respiração tremula ao me lembrar do inferno em meio ao deserto.

– Eu estava lá no Iraque, o sol escaldante deixava a farda como um forno portátil. Cada dia era um jogo de sobrevivência, uma dança perigosa entre vida e morte. As explosões, brutais e imprevisíveis, aquilo era música ambiente para um dia normal, em meus ouvidos como o eco de pesadelos constantes – Início e pareço sentir o cheiro da pólvora.

– Lembro-me das ruas poeirentas, onde o calor distorcia a visão e o ar estava impregnado com o cheiro de medo, gasolina, pólvora e sangue. Cada esquina escondia o potencial de violência, e os disparos ecoavam, além de muitas mulheres gritando de pavor ao ver o que estava acontecendo. O som metálico dos projéteis cortando o ar, lamúrias de dor vindas da enfermaria, homens desmembrados e em estado de choque ­–.

– A angústia crescia a cada patrulha, um peso no peito que parecia mais insuportável que o calor da farda e seu peso exagerado. Era como se o pavor fosse algo daquele lugar, sufocando-me. E quando a noite caía, os sons de explosões distantes se transformavam em pesadelos vivos, onde o medo de voltar ou não para casa, voltar para sua família era mais doloroso do que ser esfaqueado ­– Me recordei de todos os soldados que faziam ligações para suas esposas e filhos, que choravam de medo e saudade. "O papai vai ficar bem, ele vai voltar", era o que eu ouvia.

– Lembro-me das faces cansadas dos meus companheiros, dos olhos que carregavam o peso de testemunhar o inimaginável. A camaradagem era o único consolo para nós. Cada explosão era um lembrete cruel de nossa vulnerabilidade, e o cheiro de fumaça impregnava nossas roupas e almas –.

– Às vezes, penso que os barulhos nunca realmente desapareceram. Eles apenas se transformaram em ecos, sussurrando na minha cabeça quando a escuridão se instala. Esses momentos, essas memórias... elas continuam a me perseguir, mesmo quando estou aqui, tentando seguir em frente – E eu seguiria em frente, nem que eu morresse, com honra.

Eu me calo após dizer tudo aquilo, Roosterobservava minhas feridas e feridas profundas mesmo que cicatrizadas, ele tambémpermanecia em silêncio. Não havia o que dizer. É algo que ambos vamos subindogradativamente após chegar no estado de apenas uma lembrança.

Para apaziguar o clima, vimos ao fundo, no horizonte, que Penny velejava comMaverick, ambos rindo e não se importando com oque aconteceu no passado, apenas aproveitando o presente que eles estavamconstruindo.

– Ela parece muito feliz – O tenente comenta, apontando para o pequeno veleiro,eu apenas concordei rindo e beijando sua bochecha, passando meus braços aoredor de seu corpo forte, com carinho e o apertando firme.

Passado mais alguns minutos, decidimos andar pela areia molhada, segurando nossos sapatos e com os dedos mindinhos entrelaçados, sentindo a maresiabrilhar na nossa pele. Ambos estávamos aproveitando aquele momento de silêncio,até que ele para, tirando suas chaves do bolso e colocando-as dentro de seussapatos, deixando-os perto de uma pedra e apoiando seus óculos em cima do par.

– O quê?... — Antes mesmo que eu pudesse perguntar, ele correu em direção à água,avançando pelo menos dois metros e mergulhando mesmo que ainda fosse raso.Rindo da situação e me deixando ali, plantada com cara de espanto.

­– Venha – Ele me chama.

– Parece gelada – Eu ri, observando aquela cena engraçada e fofa, diga-se depassagem –Nem se atreva a me molhar –.

Não adiantou em nada, ele sai da água, correndo atrás de mim, me pegando em seucolo enquanto corria para a água, eu gritava e ria por conta da água gelada,agora eu estava toda ensopada, por cima dele, caídos dentro da água.

Ficamos ali nos molhando e brincando como duas crianças, até que caí decostas gargalhando de uma situação que nunca havia vivido, nunca fui tão felizdesde que nos separamos. Aos poucos minhas gargalhadas foram sumindo, eis queele se aproxima de mim, me ajudando a levantar, com um olhar profundo.

Logo estávamos nos beijando mais uma vez, suas mãos apertaram minha cintura, por cima da roupa molhada, descendo tenuemente até meus quadris com mais outro aperto forte, que me tirou um suspiro. Minhas mãos alternaram entre seus cabelos, pescoço, costas e braços. Além de algumas risadas por conta de nosso beijo ter um gosto leve de água salgada.

Nunca sabemos até onde isto irá, aproveitar não é pecado e cria histórias.

Nunca sabemos até onde isto irá, aproveitar não é pecado e cria histórias

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•TOP GUN: hearts on fire (Rooster Bradshaw Fanfiction)Onde histórias criam vida. Descubra agora