Juliette antes de ir trabalhar passou num laboratório e fez um exame de sangue para tirar as dúvidas, disse ela pra si mesma.
Foi trabalhar e depois para as aulas. Não pensou mais no assunto por aquele dia.
Entretanto Rodolffo estava há uma semana sem trabalhar. Estávamos no tempo das chuvas e na última semana choveu praticamente todos os dias o que inviabilizada qualquer trabalho de jardinagem.
Aproveitou bastante para estudar e descansar. Foi saber o que precisava para tirar a habilitação de condução e já vai iniciar na próxima semana.
Juliette passou no laboratório mas não teve coragem de abrir o envelope.
Foi para a Universidade, mas o pensamento estava longe. Hoje não conseguiu aproveitar as aulas.
Chegou a casa e não sabia se deveria ver o resultado sózinha ou se compartilhava com Rodolffo.
Ele sentiu-a nervosa quando a beijou.
- Que tens, menina bonita?
- Estou nervosa e ansiosa.
- Porquê? Conta-me.
- Senta aqui na cama.
Juliette retirou o envelope da bolsa.
- Ontem fui fazer um exame de sangue.
- Estás doente? Tens o quê? Diz-me o que sentes.
- Calma. Não tenho nada.
Lembras-te da última visita aos avós? A avó disse que vinham aí novidades, então eu fui fazer um teste de gravidez, mas ainda não tive coragem de ver o resultado.- Abre, amor. Vamos ver.
- Se der negativo, Prometes não ficar triste?
- Prometo continuar a trabalhar para isso.
Juliette retirou o envelope e abriu-o.
Desdobrou a folha com o resultado e lá estava.POSITIVO
Rodolffo deitou Juliette na cama, deu-lhe um longo beijo e depois deitou a cabeça na barriga dela. Levantou a blusa e ficou a fazer festinhas com lágrimas nos olhos.
Depois de dar muitos beijinhos na barriga, voltou a olhar Juliette que também chorava.
- Estás feliz?
- Muito. Não tinha planeado para agora, mas que venha com saúde que amor nós temos de sobra.
- Obrigado. Devo-te os melhores anos da minha vida. Um filho é muito mais do que sonhei. Prometo ser para ele ou ela o melhor pai do mundo. Às vezes posso falhar. Nunca tive uma referência de pai, mas já amo muito esta criança.
- Eu sei que vais ser o pai mais incrível que possa existir.
- Vamos preparar uma surpresa para os avós. Agora vão ser bisa. Como é que a avó descobriu? Os antigos são muito sábios.
As chuvas acalmaram um pouco e com a acalmia veio o dobro do trabalho. Alguns dos jardim estavam completamente destruídos. Era necessário replantar flores, refazer cercas e limpar lamas.
Agora Rodolffo trabalhava com outro ânimo. Contava do filho para todos e até já ganhou alguns presentes para o bébé.
Juliette preparou uma caixinha onde colocou um par de sapatinhos e um body brancos onde se lia
O neném
dos
BisaCompraram ainda duas camisetas onde estava escrito
Sou Bisa
Era domingo e chegaram mais cedo que o habitual. Os avós estranharam, mas eles alegaram que queriam voltar mais cedo também.
Levaram os dois para a sala mandaram-os fechar os olhos.
Vestiram-lhes a camiseta e Juliette colocou a caixa na mão de dona Maria.
- Podem abrir os olhos.
Estavam frente a frente, pelo que cada um podia ler o que a camiseta do outro dizia.
Juliette mandou dona Maria abrir a caixa e ela ao ver os sapatinhos não conteve as lágrimas.
- Eu disse, Juliette. Eu sabia. Eu vou ter um bisneto?
O avô Raimundo estava igualmente comovido. Abraçou Rodolffo e beijou Juliette.
- Vocês são os primeiros da família a saber. Tinha que ser. Ninguém merece mais que vocês, disse Rodolffo.
Em tempos difíceis eu encontrei aqui um porto de abrigo. Serei eternamente grato.- E vocês dois vieram dar outro sentido à nossa vida. Quando já nada nos importava a não ser esperar o dia em que iríamos partir, chegaram vocês com a vossa juventude e fizeram-nos querer viver mais um pouco.
Um pouco que agora é muito, porque ainda queremos ver crescer o nosso bisneto ou bisneta.