O reencontro

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Era uma tarde de Domingo.   Sentado no café da aldeia, folheava o jornal diário quando uma notícia despertou a minha atenção.

        Comunicado

Faleceu esta madrugada, Margarida Soares, esposa do fazendeiro Renato Soares.
O funeral realiza-se amanhã pelas 16  horas para o cemitério local.

Pedi autorização ao dono do café para recortar o anúncio e corri para casa.

- Sr. Raimundo,  Dona Maria, eu acho que achei?

- Achaste o que homem de Deus?

- A Juliette.  Olhem, a mãe dela faleceu. Só podem ser eles.  Era muita coincidência se houvesse outras pessoas com o mesmo nome.
Eu vou lá.  Amanhã eu vou lá ao cemitério.

Na manhã seguinte eu apanhei o autocarro que passava perto das 12 horas.

O sr. Raimundo pegou  em duas notas e deu-me.

- Toma pode surgiu um imprevisto.  O último autocarro para cá sai às 17.  Não vais conseguir regressar nele. Apanha um táxi para voltares.

- Eu tenho algum dinheiro, sr. Raimundo!

- Vai lá.  Dinheiro nunca é demais.  Boa sorte.

Dei-lhe um abraço e parti.

Cheguei ao cemitério bem cedo.  Fui-me informar se era ali e depois de confirmar esperei no exterior num local um pouco afastado.

Um a um foram chegando várias pessoas que eu nunca tinha visto.

Vi o sr. Renato chegar,  acompanhado de uma senhora toda de negro.  Entraram para a capela ia ser celebrada a missa.

Por fim chegou o carro funerário.  Lá de dentro saiu Juliette amparada por outra jovem.
O meu desejo era correr para ela e abracá-la, mas tive receio por causa da situação.

Assisti à missa atrás de toda a gente.
Quando levaram o corpo para ser cremado, um a um, todos foram saindo.

Fiquei na entrada esperando por ela.

Ela saiu cabisbaixa e amparada pela amiga, mas eu tomei coragem e chamei-a.

- Juliette.

- Ela olhou para mim ao mesmo tempo que eu segurava nas mãos dela. 
Abracei-a e não disse nada.  Ela deixou-se ficar no meu abraço depois segurou-me no braço  disse algo à amiga e levou-me para dentro de uma das salas da funerária.

Lá dentro voltei a abraçá-la e dei-lhe um selinho.

- Apesar de ser um dia triste, estou muito feliz, porque te  encontrei.

- Eu também estou feliz.  A minha mãe agora está a descansar.  Onde estás?

- Na  casa de uns amigos.

- Estava preocupada contigo desde que soube que fugiste.

- Fugi para te encontrar.  Deu certo.

Naquele momento, Renato entrou na sala.

- Que é que se passa, disse vendo Rodolffo.

- Boa tarde sr. Renato.  Os meus pêsames.

- Sai.  Deixa-me falar com a minha filha.

- Eu espero lá fora, Juliette.

- Não respeitas nem o dia da morte da tua mãe?  O que é que esse rapaz quer?

- Ficar comigo e eu com ele.

- Vens comigo agora, Juliette.

- Pai, não vou contigo.  Obedeci até agora por causa da minha mãe.   Ela já se foi, então agora eu vou ser feliz.

- O que é que esse negro te pode dar?

- Amor, pai.   Sabes o que é isso? Não deves saber.

- Se fores com ele não contes mais com o meu dinheiro, nem para a faculdade.

- Eu tenho duas mãos assim como ele.

- Juliette, filha, não estragues a tua vida.

- Desculpa pai, mas a tua filha obediente já não existe mais.   Se não me aceitas assim, adeus.  Não temos mais nada a dizer.  Leva as cinzas da minha mãe para a fazenda.  É a última coisa que te peço.

Juliette saiu.  Rodolffo esperava do lado de fora.  Deram as mãos e foram embora perante o olhar curioso dos demais.

Durante estes anos todos, Juliette tirou habilitação de condução.   Entraram no carro dela e partiram.

Menina bonitaOnde histórias criam vida. Descubra agora