Juliette estava em vésperas de ter a criança. As aulas já tinham terminado para ela há cerca de 3 meses. Passou os três meses em casa preparando a chegada do bébé.
No único ultrassom que fez não foi possível saber o sexo do bébé, pelo que todo o enxoval girou à volta das cores, branco, beje e verde àgua. Uma ou outra peça tinha apontamentos de rosa ou azul.
O quarto foi decorado com simplicidade, pois o nosso objectivo era viver na fazenda, assim que Rodolffo se formasse.
Durante a noite senti um ligeiro desconforto sem serem dores.
Levantei-me muitas vezes para ir ao banheiro.
Rodolffo não foi trabalhar e levantou-se cedo para preparar o café da manhã.
Tomei um duche e fui comer. Bebi apenas um sumo de maracujá e comi uma torrada barrada com compota de amoras.
Senti uma cólica que passou rápido.
Voltei para o quarto e senti outra cólica. Rodolffo pegou na minha mala e disse que eram horas de ir para o hospital.
Durante o trajecto as cólicas intensificaram-se. Rodolffo conduzia, - sim ele tinha já conseguido a sua habilitação -, em direcção ao hospital.
Durante o caminho fazia festas na minha barriga, pedindo ao bebé para esperar só mais um pouco.
- Espera só mais um pouco, princesa.
Rodolffo garantia que era uma menina e já tínhamos escolhido o nome de Carolina.
Entrei no hospital e fui logo direccionada à sala de observação. Seguiu-se a preparação do parto e Rodolffo pediu para assistir.
Devidamente equipado, sentou-se à minha cabeceira. Segurou na minha mão e a cada força que fazia eu apertava a sua.
Não tardou muito para a médica anunciar a vinda da nossa Carolina.Rodolffo chorou quando a colocaram no meu peito. Eu também fiquei muito emocionada. Demos um beijo e mandaram ele sair.
Não consegui dizer muita coisa a Juliette. Quando vi a minha filha no peito dela, um nó se formou na minha garganta. Só consegui chorar.
Agora, estou aqui à espera que elas venham para o quarto. Estou à entrada do quarto e ouço duas enfermeiras a conversar.
- Viste o pai da bébé que vem para aqui?
- Vi. Que monumento!
- Até eu deixava ele fazer-me um filho, não fosse um pormenor.
- Ai amiga. Numa altura destas? O homem é lindo de morrer e tu só consegues ver o tom da pele?
Ao saírem, deram de caras comigo e coraram as duas.
Olhei nos olhos dela e explodi;
- Preferia cortar rentinho do que ter alguma coisa com mulheres que não passam de calhaus com olhos.
- Só não vou apresentar queixa porque sem provas não vai dar em nada e além disso, hoje resolvi que ninguém estraga a minha felicidade.
A colega pediu imensas desculpas e saíram.
Trouxeram Juliette e logo depois Carolina.
Colocaram a bébé para mamar e era a cena mais linda de ser vista.- Amor, que bébé linda. Felizmente é branquinho como tu.
- Que conversa é essa? Se fosse morena como tu, era linda igualmente.
- Eu sei, amor. Não disse por mal. Só não quero que ela sofra algumas coisas que eu sofri.
- Só temos que a ensinar a lidar com essas pequenas mentalidades. Renegar a raça não é solução. Cada um deve ser orgulhoso daquilo que é. Eu tenho muito orgulho em ti e no homem que és. O ser branco, negro ou mestiça, nunca teve relevância.
- É natural que ela venha a revelar traços negros, mas no que depender de mim, ela vai lidar com isso normalmente.
- Eu sei meu amor. Expressei-me mal.
Estivemos três dias no hospital. A tal enfermeira nunca mais vi. Não quis contar à Ju para não aborrecê-la.
Hoje é a ida da nossa princesa para casa. Preparei uma surpresa para a Juliette.