Meu chefe me chamou de putinha

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Comecei o dia tendo dor de cabeça, que ótimo. Meu chefe não parava de me ligar exigindo novos livros todos os dias. Como esse homem conseguiu criar um lugar tão bem dotado sendo um cretino? Na minha cabeça isso não faz o menor sentido, porém, ok.

Escrevia um novo romance a cada 3 meses, esse era o meu prazo, só que eu estava sem ideias. Até saí com alguns carinhas pra ver se as minhas ideias aumentavam, mas nada valia a pena. Um eu arranjei em um site de relacionamento, o cara era um babaca, falava alto nos restaurantes, não fazia o mínimo como um cavalheiro e fedia. Só saí 3 vezes com ele, não transamos nem nada, apenas beijos.
O segundo já era um pouco melhor, era educado, cheiroso e bonito, porém, era muito apegado a mãe. Em um nível extremo. Saí com ele por 3 semanas, até comecei a escrever um livro, só que quando vi alguns sinais indicando que ele estava falando muito da mãe dele, pulei fora e abandonei o livro.
O terceiro prefiro nem comentar sobre.

Assim que abro a porta de casa, noto que a minha chave estava no chão, será um sinal? Peguei ela e tranquei a porta logo em seguida.

Meu chefe me ligou novamente, ele estava com uma voz tranquila, até eu dizer que provavelmente me atrasaria um pouco, já que estava tudo engarrafado. Mentira. Eu nem tinha saído de casa.

Quando cheguei no trabalho, vi que meu chefe estava ao lado da minha mesa, me esperando, bravo.
Dei bom dia e o mesmo nem me respondeu. Dei bom dia novamente.

-Bom dia, verônica.-

-Então Felipe, já estou quase terminando a 200° página do meu mais novo livro. Só que provavelmente terei que levar pra editora pra dar uma corrigida e tal.

-Relaxa, eu mesmo posso fazer isso.

-Não, não, deixa que eu levo...-

Não consegui nem terminar a minha frase, ele já tinha pego os papéis da minha mão.
Ele não poderia ler aquele livro ainda...

-Te devolvo daqui há 3 horas. - Felipe começa a andar até o seu escritório e lá ele fica, por 3 horas.

Estava preocupada. Se ele lesse aquelas páginas, e levasse tudo ao pé da letra, provavelmente me demitiria.
Por quê? Você deve estar se perguntando. Eu literalmente escrevi um romance entre uma funcionária e um chefe. E não para por aí. Eu coloquei os nossos nomes.
Não, eu não gosto do meu chefe, eu só não estava tendo ideias para nomes e coloquei os primeiros que vieram na minha cabeça. Infelizmente foram os nossos.

Nem consegui escrever durante a tarde inteira, estava apenas esperando ele sair daquela sala e me mandar pro RH.
Finalmente ele abre a porta e seu rosto parece estar com incerteza de algo.

-Verônica, venha até a minha sala.- Felipe usa a sua voz de comando, e eu, como funcionária... tenho que obedecer.

-Claro.-

Ele vira as costas pra mim e entra novamente na sua sala. Eu faço o mesmo logo em seguida. Felipe então, se senta na cadeira e aponta pra que estava ao seu lado. Olho com dúvida, porém, ele assente. Então, me sento ali.

-Bom... o que eu tenho pra te dizer é o seguinte.

-Eu acho que eu já sei o que é.-

-Ah... sabe?-

-Você quer me demitir.

Felipe me olha por 3 longos segundos e depois solta uma gargalhada.
-Demitir você? Por quê? -

Balanço a cabeça com incerteza. Ele estava rindo?
-Ué, você não me chamou aqui pra me demitir?-

-Não? Na realidade, eu queria a continuação desse romance pra daqui um mês. Verô, preciso dessa continuação.-

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