Sabe aqueles momentos onde você não é você? Parece que está vivendo a vida de qualquer outra pessoa, menos a sua?Essa frase era quase eu, se eu não estivesse tão à parte de mim mesma ao ponto de nem isso fazer sentido para mim. Estava em uma festa aleatória, olhava nos rostos das pessoas e não via graça, não falava nada, e estava tão imersa, me afogando em mim mesma, que fiquei igual a uma planta.
- É isso que eu tô te dizendo cara - riu Krist enquanto cutucava Dave com o cotovelo - esse merdinha fez muita coisa na adolescência
- Não faço mais - protestou o moreno enquanto fitava o cara à sua frente - depois que lançamos o álbum eu parei de usar drogas. É o melhor a se fazer pra qualquer um
Dave olhou para mim, julgador. Ele sabia que eu fumava maconha, mas principalmente que estava começando a me descontrolar quanto à isso.
Revirei meus olhos. Com qualquer um ele queria dizer ele mesmo. Não acho que em uma realidade de merda ele conseguiria sustentar a própria existência por muito tempo sem fugir nem por um segundo. Viver o inferno diariamente e enfrentá-lo. O moreno percebeu minha cara, mas não falou nada. Talvez eu fosse a pretensiosa fraca, e não ele o pouco sofredor.
Eles voltaram a conversar, falar sobre suas histórias e coisas do dia a dia, e eu tentava fingir que estava bem.
- Ei, Amber, vou sair pra pegar uma bebida, vai querer uma? - Krist falou com o tom um pouco acima do normal, já que estávamos numa festa
- Não, na verdade acho que estou de saída também - tentei um sorriso e me direcionei aos outros da roda - estou indo, tchau gente
Abracei Dave, Krist e Kurt, que ficaram sem entender o porquê da saída repentina, e cumprimentei o resto das pessoas dali.
Na minha bolsa, tinham uns becks, acendi um e comecei a pensar em como iria embora, já que eu era mulher e chamar um táxi era quase inviável. Olhei para os lados e vi o loiro vindo até mim enquanto tentava se livrar da loira maluca que havíamos conhecido em um show. Courtney Love. De cara Kurt não havia gostado dela, mas mesmo assim a insistência da mulher parecia algo infinito.
Saí dali procurando alguém, qualquer amiga ou pessoa para me dar uma carona, antes que ele conseguisse sair de perto dela, já que eu não estava a fim de conversar.
Senti meu pulso sendo puxado repentinamente e já sabia bem quem eu não tinha conseguido despistar.
- Amber, você está muito estranha, principalmente hoje. Você está bem? - ele disse se aproximando
- Estou sim - forcei um sorriso - só estou cansada por causa do álbum, dos shows e tal...
- Eu sei que não é isso - ele me cortou - me diz o que aconteceu, por favor.
- Não aconteceu absolutamente nada - puxei meu braço de uma forma meio violenta. O homem me olhou surpreso
Kurt cerrou os olhos e percebi que ele não iria sair de lá até eu confessar alguma coisa, e aquilo já estava me dando nos nervos. Suspirei e tentei reformular
- O álbum está me estressando muito, não sei o que fazer. É tanta coisa ao mesmo tempo, e acabamos a turnê não faz muito tempo, só quero descansar e dar uma parada - olhei para baixo tentando fazer com que ele não percebesse a mentira e a vergonha em meus olhos. Queria parecer triste, e estava, mas não por isso
Ele revirou os olhos. Presunçoso.
- Não é porque eu tenho todos os defeitos do mundo que eu sou burro Amber. Às vezes posso ser, mas eu sei que não é isso que aconteceu, você estava bem até acontecer alguma coisa e você ficar mal. - seus olhos azuis iam de um lado para o outro, alternando em partes do meu rosto, tentando me ler - se você se sentir melhor desabafando, eu quero saber. Quero que fique bem
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𝐃𝐫𝐚𝐢𝐧 𝐘𝐨𝐮 | ᴋᴜʀᴛ ᴄᴏʙᴀɪɴ
Fanfic"E se eu achasse alguém que em meio à tanta água estivesse se afogando como eu?" Amber era uma típica groupie dos anos 80, cheia de sonhos estragados por um namorado abusivo e uma mãe que a expulsa de casa. Sem abrigo, sem comida, sem dinheiro, apen...