Capítulo 14 | Nirvana

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Acordei no quarto de Kurt com uma blusa que definitivamente não era minha, uma calcinha e com o loiro me abraçando por trás. Ontem havíamos bebido bastante, e a respiração dele perto dos meus ouvidos me lembrava muito bem de flashes da noite passada; o cheiro de sexo naquela cama era inegável.

- Bom dia - murmurou com a voz ainda rouca, me apertando mais entre seus braços, como se não quisesse que eu fosse embora.

- Bom dia - me virei para olhá-lo, sorri ao ver sua cara um pouco inchada, e como ele conseguia ficar fofo de qualquer jeito - você sabe se a gente usou camisinha ontem?

Meu primeiro pensamento foi obviamente o medo de filhos.

- Porra, eu não faço ideia - o loiro arregalou os olhos - mas na dúvida, é melhor tomar a pílula

Olhei ao redor para ver se havia algum vestígio do látex, minha ansiedade não me permitia permanecer na dúvida. Encontrei um pacote aberto no chão e uma camisinha amarrada, no lixo. Um peso gigantesco saiu das minhas costas.

- Usamos - suspirei aliviada

- Você está melhor? - Kurt me perguntou com uma cara séria - de tudo aquilo que me contou ontem. - ele parecia preocupado - Foi por isso que chegou bêbada em casa um dia desses também?

Desviei o olhar, começando a ficar com vergonha. Por algum motivo parecia errado me sentir mal por isso.

- Eu precisava muito desabafar - suspirei - acho que estou melhor. - No momento não estava triste, mas ainda sim sabia que aquilo me machucava da mesma forma.

Decidi não falar sobre o dia bêbada, e ele entendeu.

- Que bom - Kurt disse enquanto fechava os olhos para cair no sono novamente - espero que eu não tenha estragado tudo.

Suspirei tentando encontrar as palavras certas. Ele sempre se sentia culpado por tudo, e apesar de eu entender aquela situação, não queria que ele se sentisse assim.

- Não, não estragou. - falei quase que em um sussurro. - eu queria tanto quanto você.

- Então posso dizer que gostei de ontem à noite - Kurt sorriu de lado, ainda que meio tímido

Senti meu rosto queimar e ele se aproximar um pouco mais de mim, até que conseguisse me ver por cima, com um olhar tão intenso, que ao mesmo tempo que entendia, não poderia descrever. Kurt aproximou os lábios dos meus, me roubando um beijo, e em resposta envolvi meus braços nele, esquecendo meus problemas e ignorando o fato de que sequer sabia o que aquilo significava para ele, mas talvez isso não importasse.



[...]



À tarde fomos na casa de Dave mostrar uma música que Kurt fez. Ele me disse que era aleatória, a letra não fazia sentido e o título havia sido escolhido através de uma pixação na parede da sala de Dave, mas insisti pra que ele levasse o projeto pra frente.

- Gostei do nome - Krist sorriu enquanto lia a letra da música que Kurt havia feito - mas você sabe que a Hanna pixou "Kurt smells like teen spirit" porque você estava com cheiro de desodorante de mulher, né? - o mais alto riu

- Eu achei que era sobre anarquismo - o loiro disse rindo também - foda-se, vou fingir que não sei disso porque a ideia é muito boa pra jogar fora

- É boa, mas não consigo entender essa letra, o que significa? - Dave se intrometeu, pegando o caderno da mão de Krist e o analisando - agora eu sei porque a Amber não tem dedo nisso

Kurt me olhou de canto, e quando viu que eu percebi, disfarçou. Estávamos estranhos desde que pisamos o pé na casa de Dave.

𝐃𝐫𝐚𝐢𝐧 𝐘𝐨𝐮 | ᴋᴜʀᴛ ᴄᴏʙᴀɪɴOnde histórias criam vida. Descubra agora