3 de Fevereiro de 1992Cansaço era o que melhor descrevia meu estado mental. Eu vivi tão chapada por um ano inteiro que era como se estivesse fechado os olhos e de repente, estivesse em outro ano. Meu relacionamento com Kurt caía em ruínas, nós dois começamos a usar um ao outro como saco de pancadas das nossas frustrações, ao mesmo tempo que supríamos aquela solidão e de certa forma carência extensa dentro de nós mesmos com aquele namoro, que não mais parecia amor, mas uma obrigação.
A fama me isolava e as drogas não me permitiam nutrir nenhuma relação que não fosse com o vício, que era como uma rosa a qual você se ilude pela beleza e se fura pelo toque, desejo. Quando eu me via, estava de novo usando alguma coisa dentro de um apartamento que eu dividia com duas pessoas que não conhecia mais, eu e Kurt.
- Preciso conversar com você
Escutei de longe ele falar comigo. Eu estava na sala e sua voz tímida alcançava meus ouvidos.
- Tudo bem - levantei-me so sofá e fui até ele com uma confiança que sabia que no fundo não possuia - aconteceu alguma coisa?
- Muitas coisas Amber - seu rosto sem vida me encarava. Aquelas olheiras me diziam bem mais que seus olhos - você deveria ir pra uma clínica de reabilitação
Franzi o cenho.
- Só eu preciso? Sério isso?
O que mais me doía era que ele não se incluía nisso. Nunca. Sempre brigávamos porque ele sempre assumia que só eu estava doente.
- Isso é problema meu
- Estou vendo o quão bem cuidado você está - bufei - eu odeio esse seu tom de desprezo como se eu fosse uma coitada.
Eu vi a fúria se acendendo dentro dele. Ultimamente era tudo o que sentíamos um pelo outro.
- Eu só queria te ajudar porra. - ele aumentou um pouco o tom de voz - se quiser se fuder sozinha pode fazer.
- Na verdade não quero me fuder, quero seguir sua incrível dica pra não ter que apodrecer com você nesse apartamento.
Ele me olhou incrédulo e sorriu sarcástico.
- A porta tá bem ali se não quer apodrecer comigo
Cheguei perto dele com meu coração a mil de raiva. Aquele sorrisinho, aquela arrogância ridícula que ele tinha adquirido pra disfarçar o quão inseguro ele era. No fim e neste momento eu só conseguia perceber o quanto estávamos incorporando o mesmo personagem ridículo, que nunca fomos e nunca seremos.
- Você... - Minha cara amarrada foi se desatando como um nó perdido em tantos fios a medida que eu percebia a idiotice que era tudo aquilo. - me desculpa
Desculpas. Uma palavra que não fazia muito mais parte do meu vocabulário nesse momento da minha vida, e no entanto a que eu mais precisei durante esse momento. Eu era uma imbecil.
Kurt ficou confuso e pareceu não saber reagir por um instante, tentando decifrar cada movimento meu. Sua persona parecia se quebrar a cada instante que ele percebia que eu não estava de brincadeira. Ele ainda estava lá, mesmo que bem no fundo.
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𝐃𝐫𝐚𝐢𝐧 𝐘𝐨𝐮 | ᴋᴜʀᴛ ᴄᴏʙᴀɪɴ
Fanfic"E se eu achasse alguém que em meio à tanta água estivesse se afogando como eu?" Amber era uma típica groupie dos anos 80, cheia de sonhos estragados por um namorado abusivo e uma mãe que a expulsa de casa. Sem abrigo, sem comida, sem dinheiro, apen...