Ele logo abriu a porta, afoito.
— Helô! — Suspirou aliviado.
— Licença, eu já tava de saída. — Disse Fernanda se esgueirando para sair porque a delegada não moveu um fio de cabelo para que Fernanda ficasse confortável ao passar por ela. Bem pelo contrário.
— Entra, amor. — Stenio a puxou pela mão. — Que alívio te ver. A gente tava mesmo precisando conversar.
— Eu não vim aqui como sua esposa, vim aqui como delegada. — Ela mexeu numas pastas que tinha em mãos e jogou papéis, comunicados oficiais contra os clientes dele. — Só vim cumprir meu papel. Boa tarde.
— Helô! Helô! — Ele a puxou pelo braço.
— Me solta. — Ela desvencilhou com força e ele não teve opção senão soltar. O treinamento da polícia fazia com que aquela mulher fosse milhões de vezes mais forte do que aparentava.
— Quando eu disse aquilo de manhã, eu não queria dizer...
— Já entendi o que você quis dizer, Stenio. Obrigada pelo recado, tenho que ir.
Ela se virou mais uma vez para ir embora.
Dessa vez ele a puxou pertinho.
— Você tá com ciúmes da Fernanda? Juro que não era nada demais, eu estava falando de você justamente quando..
Heloísa respirava fundo. Notava-se que o peito dela inflava e relaxava mais exageradamente do que o normal. Ela estava prestes a explodir, como a faísca no filme elementos.
Engoliu em seco e tentou usar a expressão de sempre: de quem não se importava.
— Fernanda, Raquel, Débora.. Vai saber quantas outras e quais nomes. Eu sinceramente não me importo. Não faz diferença.
— Você não pode estar falando sério. — Stenio se ofendeu. — Acha mesmo que eu estou te traindo com a Fernanda?
— Como eu te disse, tanto faz.
— Tanto faz? — Ele elevou o tom de voz. — Tanto faz se o seu marido está com outra? É nesse ponto que nosso casamento chegou? Tanto faz?
— Como se algum de nossos casamentos tivesse dado certo alguma vez na história, não é? — Ela riu, sem humor. — Tanto faz. Vou trabalhar. Tchau. — Ela pegou o restante das pastas e foi embora.
Stenio não podia crer em tudo que tinha ouvido.
Se fixou nas reuniões, na reforma, na transição de escritórios. Contratou mais dois advogados, porque pelo visto estavam precisando, bem como expandiu outras áreas da empresa como o jurídico e o RH.
Era quase o dia da estreia do novo escritório e ele só ajeitava os mínimos detalhes. Leonor e Guerra haviam ajudado bastante com tudo, então as dores de cabeça foram evitadas.
Em contrapartida, Heloísa tomava conta de todo seus pensamentos. Ele tinha certeza que o pedido de divórcio chegaria por parte dela uma hora ou outra. Porque ele, mesmo com as discussões, mesmo com os pedidos não atendidos e mesmo com as palavras destorcidas, jamais, nunca, de jeito algum teria coragem de desistir deles dois. Era sempre assim.
Quem desistia era ela.
E ele odiava esses últimos momentos de esperar que Heloísa desistisse. Ele via os sinais. Cada vez mais eles se afastavam. Ele não sabia direito se era pela quantidade de trabalho, o pedido que havia feito, a contratação da ex ficante, talvez tudo ao mesmo tempo. De uma forma ou de outra eles sempre caiam no mesmo ciclo e ele simplesmente percebeu que se eles não estivessem brigando por estes motivos, estariam brigando por outros.
•
Heloísa chegou tarde depois de passar na Maitê depois do expediente.
"Ele ainda te procura na cama? A gente bem sabe que quando ele tava te traindo vocês mal se encostavam pra beijar o que dirá.."
A amiga perguntou entre um vinho e outro. Uma das pistas de que ela estava sendo traída há décadas atrás era o fato de que sequer dividiam a cama. Agora eles conviviam bem. Stenio não perdia uma oportunidade de estar com ela, e sexo não faltava. Ela também não achava marcas estranhas pelo corpo dele, nem na roupa, em momento algum.
Bêbada com as garrafas de vinho na cabeça Heloísa chegou e decidiu botar em teste. Se Stenio gozasse pouco ou broxasse, isso significaria que estava fazendo outras coisas com outras pessoas. Heloísa se detestava ao ponto de estar pensando nisso. Parecia que estava louca, rastreando cada passo dele, tentando descobrir das maneiras mais absurdas se ele a enganava ou não.
Devia tentar sondar Laís primeiro, ou algo do tipo. Mas com o vinho na cabeça ela não conseguiu fazer muita coisa. Chegou tarde, ele já estava dormindo com um livro em mãos e os óculos no rosto. Heloísa tirou toda a roupa ficando de lingerie, tirou o óculos do rosto dele e botou na mesinha de descanso ao lado da cama. Ele acordou aos poucos assistindo sua mulher de lingerie tirando o livro de seu colo.
Seu instinto foi puxá-la para si pela cintura e beijar sua boca, mesmo que sonolento.
— Você bebeu? — Ele perguntou assim que sentiu o gosto.
— Uma taça com a Maitê. — Ela murmurou entre os beijos irritada por ele cortar o clima com a pergunta, já sentada no colo dele e sentindo a excitação.
Seu peito suspirou em alívio.
— Achei estávamos brigados. — Ele sussurrou confuso.
— Eu consigo ficar brava com você e transar com você ao mesmo tempo. Pode ser? — Ela o olhou.
Selvagem. Como uma loba. O olhar intenso, o cabelo bagunçado, a boca já sem muita cor pelos beijos de língua intensos. Ela o estava testando, e ele sabia.
— Eu que não vou reclamar nunca. — Ele a puxou pela nuca, beijando com intensidade sua esposa enquanto enfiava os dedos em sua calcinha. — Vou ser inconveniente de te comer alcoolizada desse jeito ou você responde pelos seus atos?
Heloísa riu baixinho contra a boca dele.
— Ainda estou sã e respondo pelos meus atos, doutor Stenio. Não vai ser abuso da sua parte.
— Ótimo, porque eu estava morrendo de vontade de você há dias. — Ele a jogou na cama tirando sua lingerie com destreza.
Heloísa tentava gemer baixo com as chupadas que ele dava no centro de suas pernas, tão voraz, tão faminto. Ele genuinamente adorava o gosto, o cheiro dela, e se deliciava ali. Ela não descansou enquanto ele, ainda com o cabelo bagunçado se livrou da camiseta do pijama e do restante, se enfiando dentro dela assim que a fez gozar só com a boca.
E quando Stenio jorrou litros dentro dela, gemeu grosso e ela sentiu o corpo dele tremer de prazer em cima dela, teve a certeza: ele não a estava traindo. Pelo menos não por enquanto.