Mirrorball

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Segunda-feira é definitivamente o pior dia da semana e o fato de eu não ter descansado nada esse final de semana, deixou o dia ainda mais horrível. Amber e Carter, as irmãs que trabalham no The Old Nolan conosco, tiveram uma emergência de última hora em casa no sábado, então Jimin e eu as substituímos no dia, em troca pegamos uma folga do bar nessa sexta agora, só que para que isso acontecesse tive que estudar o dobro no domingo para prova que eu teria nessa segunda, a matéria era complicada e para ajudar o professor explicava o assunto muito porcamente, o que não batia com o fato das suas provas serem sempre difíceis, enormes e cheia de conteúdo, a maioria das pessoas, assim como eu, teve que correr atrás da matéria por conta própria para não acabar ficando sem nota.

Volto minha atenção para a conversa assim que a garota na minha frente menciona o nome de Aaron e acabo derrubando praticamente toda minha salada do garfo diretamente no prato, ter esse assunto com ela faz com que eu me corroa de dentro para fora em uma ansiedade nada boa.

– Eu não vou aceitar sair com ele sabendo que você ainda pode gostar dele Ceci– Maria insistia no assunto. Não somos tão próximas, mas Maria sabia da quedinha, lê-se penhasco, que eu tinha por Aaron, costumávamos fazer muitos trabalhos juntas no semestre passado e eu não tinha muitas pessoas com quem compartilhar essas coisas, por isso um dia acabei deixando escapar, sem querer, que eu gostava do garoto para ela, depois disso ela passou a observar as olhadas que eu dava para ele e mesmo que não tenha tocado mais no assunto, Maria sabia que eu ainda sentia algo pelo mesmo.

– Já disse que não sinto mais nada por ele, pode investir nele, sem problema nenhum – Minto, eu ainda sentia o penhasco por ele, mas ela é um amor de pessoa e se eles se gostam, então não é justo que ela se prive de sair com ele por alguém que Aaron se quer notou uma única vez durante os quatro semestres que frequento o campus.

– Tá mentindo para mim Cecilia, você é uma péssima mentirosa – Ela acusa estreitando os olhos em minha direção 

– Não é mentira, eu.. Eu estou namorando outro cara – Minha boca se move e as palavras jorram dela sem que meu cérebro as filtre antes, me deixando tão surpresa quanto a mulher a minha frente com o que acaba saindo dela.

– Meu deus Ceci, quem? O que ele faz? Qual o nome dele? – Maria coloca a cadeira mais próxima de onde eu estava sentada, metralhando suas palavras em empolgação sobre-humana.

– O meu vizinho, ele é… Tatuador! Isso tatuador e o nome dele é Jungkook – Respondo sem pensar muito e no segundo seguinte me arrependo da minha escolha, foi a única pessoa que não estudava no campus que consegui pensar de prontidão.

– Jeon Jungkook? o cara que tem aquele estúdio de tatuagem? Aqui no campus um monte de gente tatua com ele! Não acredito que você agarrou o gostosão, não sabia que gostava de caras mais velhos – Maria soa ainda mais animada e eu sinto que vou vomitar ou desmaiar a qualquer momento, talvez eu faça os dois ao mesmo tempo de tão nervosa. Que merda, onde é que eu fui me enfiar.

– Pois é, foi tão de repente – Coloco minhas mãos sobre meu colo, torcendo para que ela não perceba a tremedeira em meus dedos traidores e inquietos.

– Isso é muito legal Ceci, sou cliente dele também! Da próxima vez que for fazer uma tattoo vou pegar no pé dele, sempre achei ele quietão e misterioso, fiquei chocada quando você disse que estava namorando ele, Jungkook não parece muito seu estilo – Tenho certeza que o tremor em minhas mãos aumenta, assim como o suor que se acumula na palma delas. 

– Te vejo depois? – Ela pergunta cortando a conversa após ler algo em seu celular. Sem forças para proferir uma única palavra sequer, eu me contento em responder com um balançar de cabeça e um sorriso amarelo, Maria então se levanta da cadeira jogando sua bolsa sobre os ombros, me dá um breve abraço e eu fico para trás observando seu corpo alto desaparecer em meio às mesas cheias, até que ela suma da minha vista de vez.