Da janela da sala de aula era possível sentir o sol que brilhava de forma intensa lá fora me esquentando, nos dias frios como esse eu aproveitava cada segundo do sol, mesmo que fosse sentada dentro de uma sala de aula sentindo o calor em contato com minha pele apenas pelos raios que invadiam pela janela. Eu sequer conseguia continuar prestando atenção em tudo que o professor dizia, toda vez que tentava voltar para assunto que ele ministrava na frente de todos, meu estômago roncava e meu cérebro automaticamente voltava a contar os minutos para o intervalo.
Os segundos pareceram minutos e os minutos se tornaram horas até que o fim daquela tortura de aula chegou, esperei que todos arrumasem suas coisas e saissem para que eu o fizesse também. Inspiro profundamente sentindo o ar puro quando já estou no pátio do campus e me arrependo logo em seguida, quando clima gelado entra em contato com minhas narinas e elas doem. Procuro o local onde sempre costumávamos ficar em dias ensolarados como esse e quando bato meus olhos no banco de madeira de longe, consigo ver que Jimin já está ocupando o local.
– Que demora Cecilia – Jimin Murmura jogando os fios loiros de seu cabelo para trás.
– Isso tudo é saudade de mim? – Pergunto em um tom divertido deixando um selar na sua testa que estava amostra.
– isso tudo é fome sua lambisgoia enrolada – Ele joga o corpo para o lado me dando espaço para sentar.
– Tomara que engasgue com a comida então – Sorrio falsamente para ele lhe entregando um sanduíche – Demorei porque tive que parar na cantina para pegar um sanduíche para gente, insensível.
– Eu já disse que te amo hoje? Amor da minha vida, motivo da minha felicidade – O mais velho passa o braço pelo meu ombro e beija minha bochecha.
– Interesseiro, até dois minutos atrás eu era a lambisgoia – Sussurro sorrindo.
Jimin e eu tínhamos nos conectado quase que automaticamente quando me mudei para cá, ele muito extrovertido e sem conhecer ninguém no campus teve o azar de me escolher como seu alvo para criar uma amizade. No começo eu era tímida demais com ele, me contentava apenas em responder suas perguntas, toda iniciativa de diálogos vinha única e inteiramente da parte dele, até o dia em que Jimin perguntou se eu não gostava da sua companhia e se ele estava forçando a barra comigo, tentei explicar que gostava muito da sua companhia, só não era muito boa em manter uma conversa e ser estrangeira dificultava um pouco as coisas, acho que no fim ele acabou com pena de mim, ou talvez tenha simpatizado comigo, já que era estrangeiro também e me adotou praticamente como uma filha, desde lá ele me arrasta para cima e para baixo com ele, me passando os “grandes ensinamentos do Jimin”, segundo suas próprias palavras. No fim das contas, minhas habilidades sociais melhoraram muito de dois anos para cá, parece que ser simpática e sorridente não eram os únicos requisitos para se manter uma boa conversa com alguém, Jimin me ensinou isso da melhor maneira possível e eu sou muito grata por ter sua amizade.
– O que essa cabeça bonita tanto pensa? – Jimin pergunta me tirando dos meus mais profundos devaneios.
– Em quando a gente se conheceu – Dou uma mordida no meu sanduíche e solto um grunhido de satisfação, que fome.
– Você quase me enganou com aquele papinho de moradora da coitadolandia, “ain Jimin é que eu sou quieta”, se eu soubesse que você falava até pelos cotovelos e sem ter um botão de desliga, tinha te largado aqui nesse banco sozinha naquele dia – Arregalo meus olhos indignada e abro a boca em um perfeito “O”.
– Eu nunca disse que era quieta, disse que era tímida! É diferente seu imbecil, você queria que eu puxasse assunto como? “ Realmente Jimin, esse bar que eu nunca fui com essa gente que eu não conheço é muito legal” – Cuspo um pedaço do meu sanduíche para fora da boca sem querer enquanto falava e é isso é o suficiente para que nós dois caíssemos na gargalhada.
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Mirrorball
FanfictionDurante os dois anos em que Cecilia vive na Inglaterra, sua interação com seu vizinho tatuado que vive com um cigarro mentolado preso entre os lábios, é limitada a breves palavras. Contudo, um momento de desespero a leva a contar uma mentira precipi...