Abro os olhos com uma dificuldade incomum, sentindo uma dor latejante na cabeça que parece ecoar até o fundo da minha alma e a luz incomoda que entra pela janela do quarto não ajuda nenhum pouquinho na minha situação atual, a sensação é como se mil martelos estivessem martelando dentro do minha cabeça. Ainda deitada, tento me lembrar da noite anterior, mas minha mente está turva, fragmentada em flashes confusos de risadas, música alta e copos vermelhos. Sento no colchão e me arrasto para fora da cama, cada mísero movimento meu é acompanhado por uma onda de náusea, um lembrete cruel da quantidade de álcool que eu havia ingerido ontem a noite.
Com a cabeça baixa e os olhos semicerrados eu caminho em direção a cozinha, de canto de olho vejo Jimin jogado no sofá com as mãos sobre o rosto.
– Bom dia flor do dia, como tá se sentindo? – Ele não parece estar tão abalado quanto eu, na verdade Jimin aparenta estar muito bem.
– Horrível – Digo me sentando ao seu lado.
– O primeiro porre a gente nunca esquece – Deito minha cabeça em seu ombro e aproveito o carinho que ele faz em meus fios castanhos.
– Aí Ji, se arrependimento matasse – Murmuro chorosa, tenho certeza que minha cabeça irá explodir a qualquer momento.
– Cecelia deixa para se arrepender quando souber de tudo que você fez ontem – Jimin cantarola a última parte e eu automaticamente fico tensa.
– O que você quer dizer com isso? – Meu amigo olha para baixo e sorri estranho para mim.
– Antes de tudo, toma uma aspirina, vai te ajudar um pouco – Jimin estende uma cartela de remédio e uma garrafa d'água na minha direção, o agradeço silenciosamente antes de tomar a medicação junto com uma golada de água.
– Pode falar, estou preparada – Dessa vez quem coloca as mãos sobre o rosto sou eu, temendo o que virá a seguir.
– Bom, vamos começar pela parte que você perdeu a mão na bebida e depois disso… Cecilia foi uma sequência de coragem seguida de muita vergonha – Ele toca meu ombro e eu mantenho minhas mãos sobre o rosto, sem coragem de encarar a realidade. – Foi extremamente divertido, tirando o tombo que você levou descendo até o chão e a parte que Jungkook teve que te levar para ir vomitar – As memórias voltam em flashes na minha cabeça conforme as palavras deixam a boca de Jimin. As coisas ainda não estão muito claras, porém em meio a borrões, consigo lembrar da sensação do chão gelado debaixo de meus joelhos, dos meus dedos apoiados no vaso branco enquanto eu deixava meu estômago dentro daquele banheiro, posso sentir os mãos de Jungkook alinhando meu cabelo em um rabo de cavalo e os murmúrios irritados do mesmo.
– Meu deus, eu não acredito que o Jungkook teve que segurar meu cabelo enquanto eu vomitava – Finalmente tiro as mãos da frente do rosto e Jimin me encara com um olhar diferente.
– Essa não é a pior parte. Você praticamente desmaiou dentro do carro na vinda para casa, eu e o Jungkook não conseguimos te acordar, então ele te carregou no colo igual um bebê da garagem até a sua cama, por sorte o elevador tava funcionando – Arregalo meus olhos sem acreditar – E agora vem o pior, você apalpou o peitoral dele e disse que era macio e gostoso de deitar..
– Jimin, me diz que é mentira – Meu olhar é suplicante porém meu amigo nega com a cabeça e morde os lábios tentando segurar o riso – Eu quero me enterrar em um buraco bem fundo, nunca mais me deixe beber desse jeito Ji – Nunca estive tão envergonhada na vida. Minha mãe provavelmente infantaria se soubesse que eu bebi a ponto de perder a consciência e meu pai provavelmente daria um jeito de me arrastar de volta para Espanha
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Mirrorball
FanfictionDurante os dois anos em que Cecilia vive na Inglaterra, sua interação com seu vizinho tatuado que vive com um cigarro mentolado preso entre os lábios, é limitada a breves palavras. Contudo, um momento de desespero a leva a contar uma mentira precipi...