Pov - Jeon Jungkook
Estaciono a moto próximo ao galpão, assim que deixo meu capacete em cima da mesma, meus olhos captam rapidamente o carro de Nikolai não muito longe da entrada.Dentro do espaço é possível visualizar a poeira suspensa no ar graças à luz do sol que entra pelas janelas altas, as arquibancadas que costumam ser lotadas estão vazias assim como o ringue, por um momento havia me esquecido do quão grande esse local é. Por mais limpo que o tatame fosse após as lutas, o cheiro ferroso de sangue parecia impregnado por todo canto, consequentemente trazendo lembranças que eu preferiria esquecer quando meu olfato capta o odor, o som dos gritos, o cheiro de suor se misturando com o sangue, a animação dos espectadores, tudo parece ainda estar muito fresco em minha memória.
Subo as escadas podendo ouvir minhas pisadas duras no ferro ecoando pela da locação silenciosa e sem empolgação alguma, empurro a porta que dá acesso às salas dos superiores.
Os corredores pareciam mais longos do que costumavam ser, diferente do galpão, aqui em cima continua com o mesmo silêncio de sempre.
Os minutos se estendem enquanto fico parado em frente a grande porta, até finalmente tenho coragem suficiente para bater na madeira.
– Entra – Estremeço ao ouvir sua voz grave.
Abro a porta respirando profundamente antes de entrar.
É no mínimo muito estranho a sensação de estar pisando aqui de novo, logo que que jurei que conseguiria me livrar dessa merda toda.
A imagem de todos os homens que já assisti perderem a vida aqui ajoelhados nessa mesma sala vem em flashes indesejados, os tons claros e límpidos não combinam nada com o que acontece aqui dentro.
– O quer queria falar comigo? – Nikolai aponta para a poltrona de couro em frente a sua. O mais velho tem um cigarro aceso entre os dedos, seu terno cinza está perfeitamente passado, sua gravata alinhada como de costume.
– Sente-se filho – Faço o que ele manda enquanto seus olhos acompanham cada movimento meu – Sabe Jeon, estive pensando muito esses dias. Muitas coisas estão fugindo do controle nos últimos tempos – Nikolai traga o cigarro antes de continuar – Não é mais tão fácil achar homens de confiança que façam um bom trabalho, ultimamente só tenho tido dores de cabeça com esses desgraçados que batem aqui querendo uma chance, mas não passam um peso morto no fim das contas. Por exemplo; Aí mesmo onde você está sentado agora, há uns dias atrás eu enfiei uma bala na cabeça do Russo, foi uma enorme infelicidade ter que fazer isso, era um bom funcionário, uma pena que tenha tentado me foder – Meu corpo fica imóvel ao ouvir suas palavras. Russo estava aqui desde o começo, não consigo imaginar o que ele possa ter feito para ter sido executado dessa forma.
– E o que eu tenho a ver com isso? – Estou ficando impaciente, minhas mãos soam, meu coração acelera dentro do peito, sinto vontade de levantar daqui e sair correndo.
– Mais do que possa imaginar. Preciso de você de novo Jungkook, sei que está querendo sossegar e posso entender, nos anos que esteve comigo trabalhou mais do que ninguém, executou sua função com maestria, reconheço isso garoto, porém são tempos difíceis… Espero que entenda que a partir de hoje, seus serviços serão requisitados novamente, não com tanta frequência, mas quando eu precisar terá que estar aqui – Continuo imóvel, tentando processar as malditas palavras. Aperto os dedos com força contra a palma da minha mão segurando a vontade de gritar, me levantar e derrubar ele dessa cadeira no soco.
– Entendo senhor – Consigo formular após um período de silêncio, seguro meus impulsos para não acabar da mesma forma que Russo, contrariar um homem como Nikolai não acabaria bem.

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Mirrorball
FanfictionDurante os dois anos em que Cecilia vive na Inglaterra, sua interação com seu vizinho tatuado que vive com um cigarro mentolado preso entre os lábios, é limitada a breves palavras. Contudo, um momento de desespero a leva a contar uma mentira precipi...