Mirrorball

017

POV - Jeon Jungkook.

Abro a porta do quarto cuidadosamente, já era quase meio dia, porém Cecilia ainda não havia acordado. O cômodo continua escuro, silencioso, os únicos sons audíveis são as respirações de Cecilia e Jimin que dormiam agarrados um no outro em meio a um emaranhado de pernas e braços.
Abro as cortinas, vendo os dois se remexerem desconfortáveis sobre o colchão.

– Tá maluco porra, fecha isso aí – Jimin murmura com os olhos fechados em uma linha fina, sua expressão é dolorida.

– Maluco estão vocês, que beberam em uma única noite o que um alcoólatra levaria uma semana inteira para beber –  Coloco um copo de água e duas aspirinas em cima da cômoda – Achou que ia acordar como princesa, se sentindo adorável? – Não consigo evitar a ironia presente em minha voz

– Porque você não vai ver se eu tô lá na esquina, seu esquisitão? – Jimin se senta na cama em um movimento rápido, poucos segundos após seu ato o mais novo aperta os olhos apoiando as mãos na cabeça.

– Tem remédio e água em cima da cômoda, inteligência rara. Acorda a Cecília e desçam para tomar café assim que estiverem prontos, logo mais quero estar indo para minha casa – Aponto para o móvel ao lado da cama dando as instruções.

– Pode deixar papai, agora desce lá para eu ver sua namorada trocando de roupa – O desgraçado sorri divertido para mim.

– Dez minutos Park Jimin, você tem dez minutos antes de eu voltar aqui e te carregar na porrada até lá embaixo – Resmungo cansado da sua infantilidade.

Cecilia e Jimin não demoram muito para descer as escadas já com suas coisas em mãos, ambos com as piores expressões possíveis estampadas em seus rostos.

– Bom dia Bela Adormecida – Me aproximo da mais nova pegando sua mala.

– Fala mais baixo o remédio ainda tá fazendo efeito – Ela junta as sobrancelhas deixando seu cenho franzido. Espero que Taehyung esteja quinhentas vezes pior que ela.

Enquanto Cecilia segue para cozinha, pego nossas coisas as carregando até o carro. Abro o porta-malas colocando tudo dentro do mesmo sem dificuldade alguma. Passo as mãos pelos bolsos da minha calça alcançando o maço de cigarros em um bolso e o isqueiro no outro.
Acendo o cigarro sentindo a fumaça quente preencher meus pulmões já na primeira tragada, o aroma característico do tabaco se espalha ao meu redor quase que instantaneamente. Distraído fico observando a fumaça subindo, se misturando com o vento gelado desta manhã, quando volto para realidade meu cigarro estava no fim e Cecilia me esperava com as costas apoiadas na porta do carro.

–Pronta?– Ela apenas assente com a cabeça em resposta.

Dirigia calmamente sobre a estrada, enquanto ao meu lado Cecilia encarava a janela, muito provavelmente observando a paisagem perdida em seu próprios pensamentos, hoje ela parece distante, mais pensativa do que o de costume.

– Tudo bem? – Ela vira seu rosto na minha direção se assustando com a minha voz.

– Sim, eu só tava pensando longe – Cecilia abre um sorriso discreto.

– No que você tanto pensa? – Sinto seu olhar pesar em mim apesar se estar concentrado no trânsito a minha frente.

– Nada demais – Olho de soslaio para ela, que volta a encarar a janela encolhendo seus ombros.

Avisto um posto de gasolina pouco mais a frente, mesmo que ainda não seja tão necessário abastecer, dou a seta virando o volante em sua direção, assim não precisaríamos fazer isso quando chegarmos em Londres.