07.

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"Levante
Vamos lá
Por que você está assustado?
Você nunca mudará o que aconteceu e passou."
Stop Crying Your Heart Out - Oasis

-

Desperto lentamente sentindo meus olhos arderem como se tivesse milhares de grãos de areia neles, arranhando-os. Então sinto um gosto amargo em minha língua, tento dizer algo, mas não sai nenhuma palavra, minha boca está seca como se eu não tomasse água há um longo tempo.

- Não era pra você acordar agora - ouço um resmungo, e antes que eu tenha chance de perguntar o porquê e qual seria o problema de acordar, escuto a porta bater, gemo de dor,

sentindo minha cabeça latejar com o barulho.

Ainda meio sonolenta, me sento apoiando minhas costas na cabeceira da cama. Olho ao redor e é quando percebo, definitivamente essa não é minha casa e esse não é o meu quarto.

Mas não sei como me sentir sobre isso.

Levo as duas mãos em frente aos meus olhos sentindo uma dor de cabeça insuportável.

Droga.

- Olá, Heart... - escuto, e instantaneamente meu corpo responde se arrepiando por completo com o tom da voz rouca e grave. Afasto as mãos do rosto e então eu o vejo. Finalmente o vejo.

- Não foi um sonho - sussurro me dando conta de que tudo aquilo aconteceu de fato.

James está morto.

O homem desconhecido da festa realmente foi até minha casa e matou James.

- Tem sonhado comigo? - pergunta de um jeito arrogante, ainda encostado na porta com as mãos no bolso da calça jeans preta.

- Onde ele está? - pergunto, precisando de uma confirmação maior do que apenas as minhas lembranças, como se ter visto ele no chão e escutado o barulho do tiro não tivesse sido o suficiente.

Seus olhos me analisam, ele se afasta da porta caminhando em minha direção lentamente.

- Morto - simplesmente diz, sem hesitar, sem um pingo de remorso ou emoção em sua voz, ou no rosto.

E agora, eu deveria chorar, não é?

Sim, eu deveria, porém, não sinto pela morte de James, e não sei o que isso diz sobre mim.

Certamente, meu pai deve estar se revirando no túmulo pela minha frieza diante disso.

Mas, não consigo sentir nada além de alívio por ter finalmente acabado. Por esse homem ter tido coragem de fazer o que eu pensava todas às vezes em que James me tocava. Todas as vezes em que ele esteve em cima de mim, me reivindicando contra a minha vontade. Dizendo que eu não tinha mais ninguém, ninguém além dele. O seu cheiro, seu olhar, seus toques, é tudo demais, e preciso me esforçar muito para empurrar isso para bem longe.

- Quem é você? - questiono tentando afastar as lembranças.

- Pode me chamar de Aros.

- Por quê?

- Seja mais específica... - arqueia a sobrancelha.

- De onde você me conhece? Por que fez aquilo?

- Aquilo o quê? - pergunta como se estivesse me testando, querendo saber como me sinto.

- Você o matou - afirmo.

Seus lábios se curvam para cima, em um sorriso cruel e arrogante, demonstrando os dentes perfeitamente brancos e retos, sem nenhum defeito. Assim como todo o seu rosto.

All for Heart Parker.Onde histórias criam vida. Descubra agora