18.

485 23 1
                                    

“Você consegue me ouvir dizendo teu nome eternamente?
Você consegue me ver desejando-te eternamente?
Você me deixaria tocar tua alma eternamente?”
Life Eternal - Ghost

-

Fico me perguntando o que ele quis dizer com “vamos dar uma volta”.

Ele não me parece um homem que sai por aí passeando pelas ruas e só em imaginar isso acontecendo já me faz rir. E mesmo assim - não tendo ideia do que ele planeja fazer comigo e
com um pouco de receio - me visto com uma roupa mais confortável e sigo ao seu encontro.

Quando finalmente chego na porta principal, onde eu o encontro parado enquanto mexe no celular, todas as minhas preocupações desaparecem, como sempre acontece. Não, ele não forçou nada, nem me obrigou a coisa nenhuma desde que cheguei, pelo contrário, me tratou até que “bem” diante das circunstâncias e pelo que ele aparenta ser. Mas, até quando? Até onde irá à sua paciência?

Todo mundo é bom, até simplesmente não ser mais.

Aproveitando que minha presença ainda não foi notada, me permito analisá-lo por um tempo, O Aros está vestindo somente preto – como quase sempre acontece –, uma calça jeans com uma blusa de manga comprida, que estão repuxadas na altura do antebraço deixando um pouco de pele à mostra.

Droga.

Há algo nele, como se… houvesse uma essência ao seu redor, algo tão animalesco e totalmente carnal, me puxando o tempo todo para mais perto, e, quando isso acontece, não
consigo raciocinar corretamente.

Mesmo de cabeça baixa, consigo perceber os seus lábios se abrindo, então, balança a cabeça e ergue os olhos, com aquele maldito sorriso convencido no rosto.

Pega no flagra.

— Sabe… Você pode me olhar sempre que quiser, não precisa ficar disfarçando — encolhe os ombros fingindo modéstia e continua. — Se desejar me tocar também… — completa deixando a última palavra no ar, e posso imaginar todos os pensamentos que rondam a sua
mente.

— Passo — respondo parando ao seu lado sendo invadida pelo seu perfume.

Cresci escutando meu pai afirmar que eu me fascinava demais por coisas perigosas, sempre ria e brincava com o assunto, mas agora, começo a acreditar nas suas palavras. Porque
ele é perigoso. Perigoso demais. E quanto mais tempo passo com ele, mais fascinada me sinto.

— Pronta? — pergunta com a voz rouca estendendo a mão, e, contra todos os sinais de alerta piscando na minha cabeça, eu a seguro.

Assim como Cloud fez no dia em que fomos caminhar, Aros pressiona a mão no sensor e logo a porta destrava.

— Não tá chovendo — comento observando o chão seco e olhando para o céu, onde o sol ameaça surgir entre as nuvens.

— Você não gosta de chuva? — indaga ainda segurando minha mão, me guiando até um SUV preto estacionado em frente a casa, como se fossemos um casal normal e estivéssemos indo passear.

— Não faz muita diferença, — murmuro e seus olhos me encaram — não é como se eu saísse muito por aí… — explico.

Ele apenas assente compreendendo, então abre a porta do carro, e se afasta somente depois que estou no banco do carona, dando a volta no veículo sentando ao meu lado.

— No ano, chove cerca de 240 dias por aqui… — informa passando o cinto de segurança.

— Você gosta de chuva? — questiono, afinal, qual seria o outro motivo para escolher um lugar desses no mundo inteiro?

All for Heart Parker.Onde histórias criam vida. Descubra agora