20.

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Acordo com o corpo dolorido e, apesar de nunca ter passado pela situação de um caminhão passar por cima de mim, imagino que essa deva ser a sensação.

Ao meu lado a cama está vazia, sem sinal dele ou de que esteve.

Minha última lembrança é de nós dois no sofá da sala, antes de eu pegar no sono em cima do seu peito enquanto afundava o rosto no vão do seu pescoço, tento repassar o que aconteceu depois, mas não consigo. Me recordo apenas do calor dos seus braços ao redor do meu corpo, do
seu cheiro, a sensação de conforto e proteção.

Me levanto e sigo para o banheiro e pelo reflexo no espelho noto algumas marcas deixadas por ele, pelas suas mãos, sua boca… Aguardo por alguma sensação de arrependimento, vergonha ou qualquer outra coisa, mas nada disso ocorre, a não ser a vontade incontrolável de repetir tudo,
junto com um fogo que cresce sem freio algum, somente em imaginar o calor das suas mãos sobre minha pele.

Tomo banho tentando não dar tanta importância para o que aconteceu, mesmo sendo quase impossível, depois visto uma roupa e saio do quarto, ao lado, encontro a sua porta fechada, seguro a maçaneta e tento abri-la, mas está trancada.

Então, eu preciso manter a minha porta aberta? Mas isso não é válido para ele?

Hipócrita.

Mal-humorada, caminho em direção à cozinha e antes mesmo de chegar ao cômodo, consigo escutar a risada nada discreta do Alec.

No momento que entro, meus olhos procuram por ele, é automático, não consigo ser indiferente, mesmo que eu tente. Mas ele também não está aqui, e creio que não consigo
disfarçar a decepção no meu rosto.

Me sento ao lado do Cloud com um desconforto surgindo no estômago.
Não é como se eu estivesse perdidamente apaixonada por ele depois do que fizemos.

Qual é? Eu fui atrás. Não sou tão ingênua assim também.

Em partes, sabia o que podia acontecer, e mesmo assim quis aquilo, por outro lado, também, não esperava esse comportamento frio.

Se bem que… o que eu deveria esperar de um homem como ele, afinal?

Não muita coisa.

— Cadê o Spencer? — questiono ao Alec, sentado em minha frente no lugar que normalmente é de escolha do seu amigo.

— Saiu com o Aros — afirma, emburrado, provavelmente por não ir junto.

Assinto compreendendo.

— Te deixaram para trás?

— Sim. Consegue acreditar nisso? — afirma balançando a cabeça de um lado para o outro indignado.

Nego rindo, porque às vezes ele parece ter dez anos.

— E você? — empurro o ombro de Cloud com o meu, e ganhando a sua atenção, pergunto: — Vai fazer o que hoje?

— O que você quer fazer?

— Quais são as nossas opções? — indago como se realmente tivesse muitas.

Cloud olha para cima, como se estivesse analisando, mas quem diz é Alec:
— Pizza de pepperoni e torta de nozes.

— Você come o tempo todo — Cloud o acusa, o que não deixa de ser uma verdade, sempre que o vejo ele está com algo nas mãos, geralmente doces, e para ser mais exata: tortas.

— Preciso manter meu corpo sempre abastecido — declara se ajeitando na cadeira em uma posição relaxada.

— Por quê? — intervenho, mas, me arrependo de ter feito a pergunta assim que vejo seus lábios se abrindo em um sorriso descarado.

All for Heart Parker.Onde histórias criam vida. Descubra agora