06.

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"Pego nessa loucura, cego demais para ver
Despertou sentimentos animais em mim
Dominou meus sentidos e eu perdi o controle
Eu provarei do seu sangue esta noite.”
Scream - Avenged Sevenfold

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— Você acabou de sequestrar uma pessoa mesmo? — Alec questiona se sentando na poltrona vazia da frente.

Eu realmente não queria ter de conversar com ninguém, e isso já devia ter ficado subentendido desde que me sentei no último assento do jato com uma mulher desacordada ao meu lado. Mas, eu deveria saber que isso não é um empecilho para quando Alec quer forçar uma socialização, acho que o subestimei mais uma vez.

— Não — respondo apenas, sem vontade alguma de jogar conversa fora.

— Como não? Ela estar desacordada e drogada ao seu lado, em uma poltrona de avião a caminho da Noruega não é sequestro?

Bufo batendo a tampa do meu notebook. Ele me olha arqueando a sobrancelha, e isso é um aviso de que ele não vai parar de encher o saco até que eu explique o que estou fazendo.

— Bom, vamos lá. No direito penal diz que sequestro é o confinamento ilegal de uma pessoa contra sua vontade. Que eu me lembre, da última vez que a vi acordada ela estava nos meus braços por vontade própria, então, estou levando-a para um passeio — afirmo. — Sobre estar drogada, ela vivia dopada por antidepressivos, nada de novo na sua corrente sanguínea — explico por fim.

Alec me olha, incrédulo. Ele balança a cabeça de um lado para o outro.

— Certo. E se ela quiser ir embora quando acordar? — questiona.

Simples. Ela não vai.

— Ela não pode ir — admito, ele faz menção de dizer algo, mas o interrompo antes. — E aí será cárcere privado — pontuo.

— E onde isso é melhor que sequestro?

— Eu não disse o que era pior, ou melhor, sinceramente, não me importo e não faz diferença nenhuma para mim, só estou te explicando que não a sequestrei.

Olho ao lado, onde ela dorme tranquilamente, agora com novas roupas e mais limpa.

Assim que ela adormeceu nos meus braços depois do tranquilizante que apliquei em seu corpo, enchi sua banheira de água morna, coloquei seu corpo dentro e a limpei com cuidado.

Queria ter certeza antes de pegar o jato para a sede principal de que não havia nenhum ferimento grave que necessitasse de pontos ou um cuidado urgente. Mas, conforme eu deslizava a esponja com água por sua pele e o sangue saia, pude notar que ficaram apenas algumas feridas superficiais com algumas marcas roxas pelo corpo.

Nunca tive tantos sentimentos, e quando tinha, eram quase imperceptíveis, entretanto, quando vi algumas cicatrizes antigas espalhadas pela sua pele, não pude conter a raiva que surgiu. Foi algo totalmente novo para mim.

O cobertor desliza pela sua pele deixando seus ombros à mostra, onde algumas marcas de mordidas aparecem.

— Foi muito sério? — Alec pergunta apontando.

— Superficial, já cuidei — informo cobrindo-a de novo.

Depois que a sequei, passei pomada por todas as feridas, provavelmente não ficará cicatriz nenhuma.

All for Heart Parker.Onde histórias criam vida. Descubra agora