32.

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“Venha se juntar aos corvos
Venha voar com a escuridão
Nós te daremos liberdade
Da armadilha humana.”
Come Join The Murder - The White Buffalo.

-

—  Wolf, como ele está? — Cloud pergunta preocupado, assim que entro na sala.

Me jogo no sofá e deixo a cabeça cair para trás, enquanto observo o teto, pensando.

— Ele destruiu a sua sala inteira — respiro fundo. — Tive que contê-lo — admito sentindo meu ombro latejar.
Aquele filho da puta me pegou de jeito.

— Você o drogou? — me acusa incrédulo.

Sim, eu fiz.

Nunca o vi daquela forma. Aros perdeu completamente o controle e quebrou tudo. Na cabeça dele, ela está morta, era o que ele repetia o tempo inteiro. Mesmo eu reforçando que não
tem como ter certeza. Que ainda há uma chance, mesmo que pequena, é uma chance.

Não posso nem o julgar, porque repito as mesmas palavras na minha cabeça a vida inteira, todos os dias e não passa, nunca alivia.

Aquela merda que dizem sobre o tempo curar tudo?

Besteira.

Tempo não cura nada. Só serve pra te fazer se sentir ainda pior, e mais impotente, te lembrando todos os dias o quanto foi fraco. Burro é quem acredita nessa merda.

Não melhora. Não alivia. Nunca.

— Não gosto disso mais que você, ele estava fora de controle, não tive outra opção — explico. — Ele podia se machucar… — completo.

E precisamos dele inteiro para o que está por vir.

Então concorda, se dando conta da gravidade da situação. Conhecemos o Aros praticamente a vida inteira. Cloud ainda mais do que eu. E nunca o vimos dessa forma. Passamos
por bastante coisa juntos, mas ele nunca perdeu o controle, sempre foi o mais lúcido e pé no chão.

Quando o vi pela primeira vez, - foi logo que cheguei no Fosso - só consegui pensar em uma palavra para resumi-lo: insano. Six, - como era chamado - não tinha medo de morrer. Ele entrava na gaiola assobiando, como se aquilo fosse um hobby. E eu, que acreditava em sua loucura, com o passar do tempo fui me tornando igual. Pouco a pouco me reconheci ali.

O Fosso, se não te mata, te transforma.

— E o Spencer?

— Dopado também, mas ficará bem, o tiro pegou de raspão no braço e o médico já cuidou de tudo.

Assente, então, ergue o rosto e me olha com apreensão.

— O que faremos agora?

Não quero demonstrar nenhuma preocupação. Cloud não consegue lidar com isso, esse é o principal motivo de sempre ficar atrás de um computador, e do Aros sempre bancar o escudo na frente do garoto.

— Liguei para o Maxim, ele está vindo, trazendo três equipes com ele.

— Eles são bons? — questiona esperançoso.

— Preciso de uma bebida — me levanto e vou até a cozinha, pego um copo, encho o recipiente de whisky e, em apenas um gole, bebo tudo.

Cloud às vezes parece o seu cachorro seguindo as pessoas pelos lugares, exatamente da maneira que está fazendo agora.

Como Aros aguenta?

Respiro fundo enquanto ele me olha com expectativa.

— Não tanto quanto ele e o Spencer, mas vão ter que servir.

All for Heart Parker.Onde histórias criam vida. Descubra agora