Epilogue.

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Mas estou te segurando
Mais perto do que nunca
Porque você é meu paraíso.”
A Drop In The Ocean - Ron Pope

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Um mês depois.

Me aproximo do stand de tiros, e de longe consigo ter a visão do Spencer de costas enquanto limpa uma pistola, sentindo minha presença, ele olha por cima do ombro. Seu semblante é sério e ultimamente não tenho o visto sorrindo, nem fazendo piadas, na verdade, a casa se tornou mais silenciosa, e sei qual motivo, e antes que eu pare ao seu lado - assim como
em todos os outros dias - ele declara:

— A resposta ainda é a mesma — respiro fundo sentindo um bolo se formar em minha garganta, então, me recosto em um pilar ao seu lado tentando conter as lágrimas que se inundam meus olhos. — Heart… entendo que você sinta falta dele, acredite, eu também, o tempo todo.

Mas ele pediu um tempo e nós precisamos respeitar.

Sei disso.

Sei também que é egoísmo da minha parte tentar forçar uma aproximação, porém, não consigo apenas deixar de lado, não quando penso nele todos os dias, e me culpo… como eu me
culpo. Por não ter falado com ele. Por não ter dito que não era sua culpa.

Por não ter olhado nos seus olhos antes de o levarem.

— E se ele não voltar? E se… — balanço a cabeça de um lado para o outro não querendo
pensar dessa forma.

Não.

Ele não pode fazer isso.

— Alec vai voltar — me garante. — Conheço ele.

— Precisamos dar um tempo — repito as mesmas palavras que Spencer vem me dizendo desde que Alec foi embora há dois meses e meio.

Abro a boca, mas fecho, desistindo de dizer alguma coisa.

— Ele não te odeia — fala — e ele não te culpa de nada — completa, mas eu discordo.

— Então por que ele não está aqui? Por que ele não volta? Spencer também não sabe.

— Ao menos ele está bem? — questiono.

— Pelo pouco que nos falamos, sim.

No fundo, sei que Alec não está bem. Porque eu também não estou, não completamente.

Agora, compreendo o que Wolf disse, e ele está certo, nunca esquecerei totalmente, tem dias que é mais fácil enquanto outros são mais difíceis, preciso aprender a lidar com os meus
fantasmas, é o que tenho feito.

Às vezes eu ainda acordo no meio da madrugada. Completamente suada, gritando com toda a força, implorando e lutando contra tudo o que está ao meu redor, inclusive com Aros, que, pacientemente, liga o abajur ao lado da cama e, com a voz baixa e rouca, repete as mesmas
palavras:
Sou eu.

Estou aqui.

Abra os olhos.

Olha pra mim.

Exatamente como aconteceu hoje de madrugada.

Não demora muito para eu recuperar a lucidez e me dar conta de que foi mais um dos meus pesadelos. Então repito mentalmente: Não estou no Fosso. Vladimir não está ao meu lado e Alec não está em perigo.

No início me sentia envergonhada, e quase sempre como um estorvo, afinal, ele sempre é o alvo dos meus ataques, suas canelas e saco que o digam, são geralmente as primeiras a serem atingidas pelos meus chutes e ele nunca me tratou mal por isso, ou foi grosseiro.

All for Heart Parker.Onde histórias criam vida. Descubra agora