09.

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“Você não pode ver que você está perdido sem mim?
Eu posso sentir o trovão que está partindo seu coração
Eu posso ver através das cicatrizes dentro de você.”
Cirice - Ghost

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Dois dias.

Dois fodidos dias que ela não sai do quarto.

É isso, é até onde minha paciência foi.

Agora chega.

Voltei do treino há duas horas, tomei banho e estou prestes a bater em sua porta quandominha vontade é de colocar isso no chão e proibi-la de fechar novamente.

— Heart — chamo, me esforçando muito para manter um tom calmo.

Sem respostas, respiro fundo.

— Vou contar até três, se você não abrir essa porta, vou colocá-la abaixo, e acredite querida, sem portas para você a partir de hoje.

Nada.

Provavelmente pensa que estou blefando.

— Um… — inicio a contagem — Dois…
A porta se abre abruptamente.

— Olá, querida — sorrio cínico.

— O que você quer? — questiona cruzando os braços no peito, e o movimento que ela faz ressalta os seus seios, então relembro da textura do bico entre meus dedos.

— Você precisa comer — aviso tentando manter o foco.

— Não vou comer nada que venha do homem que me sequestrou — fala com sarcasmo.

— Prefere morrer de fome?

Heart dá de ombros se virando, voltando para dentro do quarto.

Percorro meus olhos pelo seu corpo, observando que está muito melhor desde a última vez em que a vi. Heart tomou banho, está usando uma das roupas que Cloud comprou, os seus cabelos estão soltos…

Gostaria de ver suas feridas, se estão melhores, se continuou passando a pomada que deixei, porém, decido esperar mais um pouco para perguntar.

Ela continua em silêncio me observando.

— A morte em si me dá prazer, cadáveres não — admito. — Então, temos duas opções: você pode sair desse quarto e comer, ou em algum momento você desmaiará por desnutrição, eu vou te colocar no soro, te encher de vitaminas, e logo você ficará bem, e aí voltamos para estaca zero. De novo — friso a última parte, esperando que ela compreenda que não haverá outra opção.

Heart balança a cabeça parecendo horrorizada com as minhas palavras.

Ela preferia que eu a deixasse morrer?

— Vamos? — pergunto estendendo a mão em um convite para que me acompanhe.

Seu semblante demonstra a confusão que está em sua cabeça, sua batalha interna, se deve ou não confiar em mim, até que ela revira os olhos se dando por vencida, e sai do quarto passando por mim, me ignorando.

Rio balançando a cabeça com a sua tentativa de fazer birra.

Vou adorar vê-la me obedecer daqui a uns dias, de preferência ajoelhada com os lábios afastados e a língua para fora.

Acompanho-a até a sala, onde em cima da mesa de centro estão algumas caixas de comida espalhadas, imaginei que ela não fosse reagir muito bem se juntando aos demais hoje, então improvisei uma mesa de jantar por aqui mesmo e pedi comida de um restaurante próximo.

All for Heart Parker.Onde histórias criam vida. Descubra agora