Capítulo 27

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Estou caminhando na linha
Que me divide em algum lugar da minha mente
Na linha da fronteira
Da borda e onde eu caminho sozinho

Leio nas entrelinhas
O que está arruinado, e está tudo bem
Checo meus sinais vitais
Para saber que ainda estou vivo, e eu caminho sozinho

Green Day - Boulevard of Broken Dreams


APOLLO DESEMBARCOU EM solo grego com um misto de alívio por voltar para casa e com uma preocupação crescente com sua saúde. As dores persistentes em seu abdômen e os sintomas de diarréia não haviam diminuído desde que ele deixara o Brasil. Cada passo que dava parecia pesar mais, enquanto a exaustão acumulada das últimas semanas parecia se agravar ainda mais. No entanto, mesmo diante daqueles desconfortos físicos, Apollo sabia que tinha questões urgentes a resolver. Além de lidar com sua própria saúde, ele estava determinado a enfrentar a situação com Demetra e esclarecer os mal-entendidos que haviam surgido entre eles. Ainda que o peso da incerteza pairasse sobre ele, sua determinação em resolver os problemas que surgiram em sua ausência o impulsionava adiante.

Conforme o carro se aproximava do Aeroporto de Atenas para buscá-lo, Apollo sentia uma mistura de expectativa e ansiedade. Ele sabia que teria que enfrentar conversas difíceis e tomar decisões importantes nos próximos dias, mas também estava determinado a não deixar que as situações difíceis desafios o derrubassem. Dentro do aeroporto, ele caminhava e absorto em um turbilhão de pensamentos, todos eles voltados para Demetra. A imagem dela, sua voz, seus gestos, tudo parecia se infiltrar em cada canto de sua mente, como se ela fosse o centro de gravidade ao redor do qual girava todo o seu mundo. Ele sabia que precisava abordar a situação com cuidado e sensibilidade.

As palavras certas eram essenciais para reparar o que havia sido quebrado entre eles. Apollo se perguntava se ela entenderia suas desculpas, se poderia enxergar além das palavras ditas no calor do momento e compreender a sinceridade de sua intenção. Enquanto refletia sobre como se desculpar, uma sensação de urgência o dominava. Ele não podia adiar mais aquela conversa. O tempo era um recurso precioso, e ele estava decidido a não desperdiçá-lo. Assim, com uma mistura de determinação e nervosismo, Apollo seguiu em direção à saída do aeroporto, onde o carro que o levaria para casa o aguardava.

Ele entrou no veículo, cumprimentou o motorista e olhou para fora, sua mente se voltando aos dos momentos íntimos, intensos e ardentes ao lado de Demetra. As memórias persistiam na mente de Apollo como uma tatuagem, indelével e vívida. Cada toque, cada olhar trocado, cada palavra sussurrada ecoava dentro dele, como se tivessem deixado uma marca eterna em sua alma. Apesar dos dias que haviam passado desde então, a lembrança da conexão que compartilharam ainda o envolvia, como uma chama que continuava a queimar, alimentada pelas brasas da paixão e do desejo. Era como se aqueles momentos tivessem sido gravados em seu ser, parte inseparável de sua história e de sua essência, e Apollo sabia que não poderia simplesmente ignorá-los ou apagá-los.

Apollo começou a refletir sobre seu passado romântico, marcado por relações breves e superficiais com mulheres experientes. Para ele, era mais seguro manter uma certa distância emocional, não se envolvendo demais e encerrando as relações rapidamente. No entanto, Demetra se mostrou completamente diferente de todas as outras. Sua inocência, sua vulnerabilidade e sua sinceridade o pegaram de surpresa, desafiando todas as suas expectativas e quebrando suas barreiras emocionais. Agora, ele se culpava por ter se envolvido com ela, sentindo-se como se tivesse cometido um erro ao cruzar aquela linha que ele havia traçado para si mesmo. Afinal, ela era uma de suas funcionárias, e isso tornava a situação ainda mais complicada e delicada.

Naquele momento, ele sentia o peso do arrependimento sobre seus ombros, especialmente ao comparar Demetra, quando a conheceu, com Sophia Karras, a mulher que tinha deixado cicatrizes profundas em seu coração. Enquanto Sophia representava tudo o que ele queria evitar - manipulação, jogos de poder e traição -, Demetra personificava uma pureza e uma autenticidade, que ele raramente encontrava nas pessoas ao seu redor. Enquanto o nome de Sophia trazia à tona sentimentos de decepção e dor, o simples pensamento em Demetra acelerava seu coração de uma maneira que ele nunca havia experimentado antes. Ele lamentava profundamente ter se envolvido com ela da maneira como fez, sabendo que suas ações poderiam ter causado danos irreparáveis.

Por Amor e Sacrifício - Série Fascínio Grego - Livro III (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora