Capítulo 30

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Alguns dias eu me sinto destruída por dentro

Mas eu não admitiria isso

Às vezes eu apenas quero me esconder

Porque é de você que eu sinto falta

E é tão difícil dizer adeus

Quando se trata disso

Christina Aguilera - Hurt


A PAISAGEM DO mar parecia oferecer à Demetra um refúgio tranquilo, um lugar onde ela podia encontrar um momento de paz e serenidade em meio às turbulências que viveu. Observar as ondas quebrando suavemente na costa estavam lhe proporcionando um senso de calma e tranquilidade, ajudando-a a afastar os pensamentos indesejados e encontrar um momento de contemplação silenciosa. Ao dedicar tempo à sua sobrinha, Demetra encontrava uma fonte de conforto e alegria em meio aos desafios que enfrentava. Cuidar da pequena Ophelia não só lhe permitia se conectar com uma fonte de amor incondicional, mas também a mantinha ocupada e focada em algo positivo.

Enquanto passava aqueles momentos preciosos ao lado de sua sobrinha e absorve a beleza serena do mar, Demetra talvez encontrasse um breve alívio das preocupações e dores que a assolavam. Era um lembrete gentil de que, mesmo nos momentos mais sombrios, havia sempre pequenos momentos de luz e esperança para serem encontrados. A atividade de pintura oferecia à Demetra e à pequena Ophelia uma oportunidade maravilhosa de se expressarem criativamente e se perderem no mundo das cores e formas. Enquanto mergulhavam na arte, elas encontravam um refúgio acolhedor, onde podiam deixar de lado as preocupações e se concentrar no presente.

Para Demetra, a pintura servia como uma forma de terapia, permitindo-lhe canalizar suas emoções de uma maneira produtiva e positiva. Ao misturar as cores no papel ou na tela, ela liberava sua mente das preocupações e encontrar um momento de paz interior. E para Ophelia, a pintura era uma oportunidade de explorar sua criatividade e imaginação, enquanto criava obras de arte únicas que refletiam sua perspectiva única do mundo. Ao lado de sua tia, ela descobria a alegria de se expressar por meio da arte e compartilhar momentos especiais juntas.

Enquanto se dedicavam à pintura, Demetra e Ophelia descobriam uma sensação de calma e contentamento, permitindo-lhes encontrar um alívio temporário das preocupações que as assolavam. Demetra ansiava por um futuro onde Apollo não tivesse mais espaço em sua vida. Ela desejava deixar para trás as lembranças dolorosas e seguir em frente, construindo um caminho, onde a presença dele fosse apenas uma sombra distante. A paz e a tranquilidade que ela buscava não podiam ser alcançadas enquanto ele permanecesse em seu caminho.

A pintura e o tempo em Parga proporcionavam à Demetra uma pausa necessária, oferecendo-lhe a oportunidade de curar as feridas emocionais causadas por Apollo Petrakis. Ela concentrava sua energia em cuidar da sobrinha e em criar memórias felizes longe da influência tóxica que ele representava. À medida que os dias passavam, Demetra esperava que a distância física se transformasse em distância emocional, permitindo-lhe reconstruir sua vida e encontrar a felicidade que merecia. A jornada de cura era um processo gradual, mas ela estava determinada a superar os desafios e criar um futuro melhor para si mesma e para sua amada sobrinha.

Depois, Demetra se recostou na cama, envolta pela suavidade dos lençóis, enquanto as memórias da noite anterior dançavam em sua mente. O aroma doce das flores do jardim pairava no ar, misturando-se com a brisa suave que entrava pela janela entreaberta, como se o próprio ambiente estivesse imerso em um romance de conto de fadas. No entanto, sua mente se recordou da noite que passou ao lado do agora ex-chefe, os detalhes sensoriais eram vívidos em sua mente: o toque carinhoso de Apollo, que a fazia estremecer de prazer, os sussurros suaves que ecoavam como promessas no ar noturno.

Enquanto ela relembrava os momentos de intimidade, o olhar azul profundo de Apollo permanecia gravado em sua memória, como se pudesse sentir a intensidade de sua paixão mesmo na escuridão da noite. Apesar de toda a intensidade daquele encontro, uma sensação de melancolia pairou sobre Demetra. Ela sabia que aqueles momentos haviam sido fugazes, destinados a desaparecer com a luz da manhã. Enquanto Demetra mergulhava em seus pensamentos, confrontava-se com uma miríade de sentimentos contraditórios, que agitavam seu coração e sua mente.

A atração irresistível que sentia por Apollo parecia rivalizar com o medo do desconhecido que se escondia além daquela noite mágica. Por um lado, havia uma sensação avassaladora de desejo que a consumiu, um fogo ardente que a atraia para os braços dele, como uma mariposa atraída pela chama. Cada toque, cada olhar compartilhado, alimentava aquela chama, fazendo-a queimar ainda mais intensamente dentro dela. Havia sido uma paixão avassaladora, que ela mal conseguiu conter.

Naquele momento, ela ansiava por entender melhor o que aquela experiência significou para si. Ela buscava respostas dentro de si mesma, tentando decifrar os enigmas de seu próprio coração. A noite passada ao lado dele podia ter sido um momento de intensa conexão e prazer, porém, agora, ela se encontrava diante do desafio de entender o que sentia por aquele homem. Ao mesmo tempo, ela se questionava se sua inocência e sua pureza haviam sido manchadas por aquela experiência, se ela seria capaz de continuar lidando com as lembranças ardentes daquele fatídico encontro.

DENTRO DO CLAUSTRO de seu apartamento, Apollo se sentia aprisionado não apenas pelas paredes físicas, mas também por seus próprios pensamentos e emoções tumultuadas. Cada dia parecia se arrastar lentamente, enquanto ele lutava para encontrar uma saída do labirinto de culpa e remorso que o dominavam. Ele se perguntava como havia sido capaz de ser tão cego e egoísta. Como pôde ser capaz de machucar alguém tão profundamente? As perguntas o atormentavam, assombrando-o dia e noite, ao passo que ele tentava desesperadamente encontrar uma resposta que fizesse sentido. Mas, por mais que ele buscasse explicações ou justificativas para suas ações, tudo o que encontrava era um vazio doloroso, uma sensação de vazio que parecia consumi-lo por inteiro.

Ele murmurava a si mesmo que não merecia perdão, suas palavras perdidas no silêncio opressivo do apartamento. Cada respiração era mais difícil do que a anterior e Apollo lutava para encontrar uma razão para continuar lutando. Enquanto batalhava para se libertar das garras do remorso, sua mente involuntariamente retornava aos momentos compartilhados com Demetra. Ele se lembrava da inocência radiante em seu olhar, da determinação firme em proteger a sobrinha a qualquer custo. As qualidades, antes despercebidas, agora ecoavam em sua mente com uma clareza dolorosa, tocando uma corda sensível em seu coração endurecido.

Os flashes do passado se misturavam com a realidade sombria do presente, e Apollo era levado de volta àquele momento angustiante em que Demetra, com os olhos cheios de dor e desespero, ousou lhe pedir ajuda financeira. Na época, ele havia interpretado mal sua súplica como um sinal de fraqueza ou oportunismo, sem perceber a verdadeira extensão da situação desesperadora na qual ela se encontrava. A revelação o atingia como um soco no estômago, deixando-o sem fôlego e profundamente arrependido por suas suposições precipitadas e julgamentos equivocados.

Ele percebia, com uma clareza dolorosa, que Demetra não era a oportunista calculista que ele havia imaginado, mas sim uma alma gentil e compassiva, sacrificando tudo pelo bem de sua família. Enquanto refletia sobre as palavras de Demetra e a situação desesperadora que ela enfrentava, Apollo era repentinamente assaltado por uma compreensão penetrante. Ele se lembrava que a Petrakis-Gianopoulos Holdings não tinha um plano de saúde que cobrisse todos custos de tratamento de uma doença como a leucemia.

A realidade atingiu Apollo com uma intensidade avassaladora, e ele se via obrigado a confrontar a verdade incômoda que, agora, desdobrava diante dele. Ele percebeu, com uma clareza brutal, que a negligência de sua parte como líder empresarial havia contribuído diretamente para o sofrimento de Demetra. E, talvez, a de muitos outros colaboradores que estivessem passando por momentos de doença dentro de suas famílias, O impacto emocional daquela revelação sacudia Apollo até o âmago de sua alma, abalando sua convicção e exigindo que ele confrontasse as inadequações profundas que existiam dentro de sua própria empresa.

Com aquela resolução ardente queimando em seu coração, ele se comprometeu a transformar a Petrakis-Gianopoulos Holdings em uma empresa verdadeiramente responsável e compassiva, onde o bem-estar dos funcionários era uma das prioridades. Enquanto ele contemplava a magnitude de suas ações e as consequências devastadoras que elas tiveram, ele se via imerso em uma tempestade de emoções conflitantes, que continuava a afundá-lo ainda mais no abismo profundo de sua própria consciência.

Por Amor e Sacrifício - Série Fascínio Grego - Livro III (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora