Por Amor e Sacrifício - Série Fascínio Grego - Livro III (COMPLETO)

Capítulo 33

Quando você surge, eu fico paralisada

E toda vez que eu tento ser eu mesma

Sai tudo errado, como um grito por socorro

Isso não é justo

A dor é mais confusa do que vale o amor

Eu imploro por ar

É tão bom, mas você sabe que machuca

Demi Lovato - Heart Attack

APOIADA NO BALAÚSTRE de sua casa, que possilitava a lindíssima beleza do Mar Jônico, com sua serenidade azul-turquesa, Demetra observava como ele se estendia como um poema líquido ao longo da costa. Suas águas tranquilas acariciavam suavemente as praias douradas e as encostas de penhascos dramáticos, criando uma dança hipnotizante de luz e sombra. As brisas mornas carregavam o aroma salgado do mar, misturando-se harmoniosamente com o perfume das oliveiras e dos cítricos que pontilhavam as paisagens costeiras.

As Ilhas Jônicas, como pérolas dispersas, emergiam da superfície do mar, cada uma carregando sua própria história mitológica e cultural. As ruínas antigas testemunhavam o passado grandioso da região, enquanto os encantadores revelavam o pulsar da vida contemporânea. Ao entardecer, o sol mergulhou suavemente no horizonte, pintando o céu de tonalidades quentes, que se refletiam nas águas tranquilas, criando uma paleta de cores celestial. Parga, aninhada ao longo das margens do Mar Jônico, era como um tesouro escondido que combinava harmoniosamente a beleza natural com a arquitetura encantadora e uma atmosfera acolhedora.

Desde que havia viajado para a cidade, Demetra havia se encantado pela visão pitoresca do castelo veneziano, o qual coroava a colina, uma fortaleza que parecia guardiã da beleza serena da região. As ruas de paralelepípedos em Parga conduziam os visitantes por entre as casas coloridas de estilo neoclássico, adornadas com flores vibrantes e varandas, que se inclinavam gentilmente sobre estreitas ruelas. O antigo vilarejo era abraçado por uma vegetação exuberante, com oliveiras centenárias que pontilhavam a paisagem, proporcionando sombras suaves para os visitantes que passeavam ao longo da costa.

A imensa beleza da cidade contrastava com a tristeza que Demetra sentia, como se aquele azul intenso fosse diferenciado pelo seu estado de espírito. Há quatro dias, ela havia alugado a casa de dois quartos, em estilo veneziano, para que pudesse descansar e pensar no que faria da vida, juntamente com Ophelia. Depois de tudo que havia ocorrido após a conclusão do Agrodax seu envolvimento com Apollo Petrakis, ela queria apenas paz de espírito, para que pudesse cuidar da sobrinha. Demetra, cujo coração havia sido machucado profundamente por aquele homem, tomou a decisão de iniciaria uma nova fase em sua vida.

As sombras da tristeza que haviam se instalado em seu peito não podiam mais ser toleradas, e ela ansiava por uma mudança, por um recomeço. Com cada batida do coração, Demetra sentia o peso das lembranças e das dores que a assombravam. No entanto, em meio à escuridão de suas emoções, uma faísca de coragem se acendeu. Aquela faísca, pequena, mas resoluta, sinalizava a necessidade de transformação, de escapar das amarras do passado e buscar um novo horizonte. Assim, Demetra decidiu que iria embora definitivamente de Atenas, deixando para trás o cenário que guardava memórias dolorosas.

Cada passo em direção ao desconhecido era uma promessa a si mesma de renovação, uma declaração silenciosa de que ela merecia um futuro mais luminoso. Ao fechar a porta daquela fase sombria de sua vida, Demetra abraçou a incerteza com determinação. Seu caminho era agora moldado pela esperança, pelo desejo de cura e pelo anseio por uma existência onde a alegria pudesse florescer novamente. Naquela busca por renascimento, ela carregava consigo a força para redefinir sua história, transformando cicatrizes em histórias de superação e crescimento. Com o coração ainda pesado pela mágoa, Demetra optou por um período de reflexão e autodescoberta.