Código Vermelho

25. Uma Lenda.

— Você já ouviu falar daquela lenda do Líder Branco em busca da Flor? É muito comum entre os palanianos.

—Ouvi algo sobre isso ultimamente.

— Bem, essa lenda não está tão longe da verdade, e não está tão longe de todo este problema. — Ela murmurou tristemente, ajudando-o a tirar as calças, ela já haviam tirado os sapatos enquanto ele estava inconsciente. — Veja bem, palanianos e ilinianos nasceram graças a uma Gazi, especialmente uma Gazi encantadora chamada Sap. Ela era uma amante dos animais, tanto que tinha um tigre muito manso como animal de estimação, ela a havia resgatado de quase ser morto por outros tigres então eles criaram um vínculo, e além disso, Sap era uma poderosa criadora de maldições, poções e feitiços... Alteza, por favor, a outra perna. — Ela parou um momento para ajudá-lo a ajustar a calça ridiculamente branca, depois foi para a camisa enquanto continuava —... Naquela época, milênios atrás, só existiam pessoas comuns e Gazis, as Gazis eram a evolução dos humanos daquela época, tanto que os líderes tribais nos queriam como seus parceiros. Foi o caso de Sap, ela se apaixonou perdidamente por um líder de uma tribo poderosa. Os tigres. E como num conto de fadas, ela se casou e teve um filho lindo, viveu feliz por muitos anos, 15 anos para ser exato...

—O que isso tem a ver com tudo isso?

— Meu príncipe, por favor, a história é longa, tenha paciência. — Esmer implorou, ajudando-o a vestir a camisa com cuidado. O silêncio de Nat a fez continuar — “O filho lindo deles era um jovem talentoso, forte, inteligente, seus pais eram muito orgulhosos, ele era o melhor caçador, o melhor cuidador, um líder natural, e naturalmente, ele se apaixonou, mas por outro." jovem bonito de outra tribo igualmente forte. Naquela época esses tipos de relacionamento eram desaprovados, muito desaprovados, então, quando foram descobertos, a tribo de Sap decidiu acabar com a tribo do jovem porque culpavam aquele garoto por ter conduzido seu filho para maus caminhos. Porém, Sap não via isso de uma forma ruim, aqueles dois jovens se viam com tanto amor que ela sabia que o amor deles era honesto, verdadeiro e puro, mas os homens sendo homens, eles foram para a guerra. — Sap parou novamente para fechar os botões da camisa dele e depois colocou-a dentro da calça.

—  Sente-se por favor.

Nat relutantemente fez o que ela pediu, mesmo sério, ele estava realmente interessado na história. Ele até teve arrepios.

—Acho que deveríamos começar a limpar esse sangue. — Esmer murmurou, estalando a língua diante de sua imprudência. Ela pegou um pano com água para limpar o sangue. —Então, ela queria ajudá-los a fugir, mas naquela mesma noite, os da outra tribo decidiram atacá-los, foi muito sangrento, ela correu em direção aos jovens mas havia chegado muito tarde, seu filho ainda respirava, mas ele estava em péssimas condições, ele não se importava com nada, não quando ele tinha aquele belo jovem morto em seus braços, seu filho implorou para que ela o reanimasse, porque ele sabia que ela conseguiria, seu filho já a tinha visto antes, porém, reanimar uma pessoa demorava muito, e eles ainda estavam em perigo, então, ela rapidamente fez uma proteção para que nada acontecesse com eles, enquanto ela fazia de tudo para reanimar o belo jovem, ela explicou ao filho os perigos que isso acarretava, o filho dela não titubeou, concordou em reanimá-lo. E ela conseguiu, com muito esforço que a deixou sem fôlego, ela deu vida ao belo jovem, porém, ela estava tão focada em salvá-lo que não percebeu que seu próprio filho havia perdido muito sangue, e quando ela viu que o belo jovem havia voltado à vida, ele soltou seu último suspiro, como se isso o tivesse mantido vivo para vê-lo mais uma vez antes de partir também. Desesperada e muito cansada, ela tentou reanimar o filho também, o belo jovem não sabia o que estava acontecendo, tudo estava muito confuso, ele ainda estava nos braços de seu jovem amante, no final, ela sabia que não tinha forças para trazer seu filho de volta, mas seu tigre, seu tigre sabia o que tinha que fazer, e com um aceno de cabeça em seu ombro, ele se ofereceu como sacrifício. Foi uma das coisas mais difíceis que ela teve que fazer, ela tirou a vida de seu tigre para reanimar seu filho, porém ela estava tão cansada que não sabia o que estava fazendo, e não saberia até anos mais tarde, então, no final, ela conseguiu dar vida ao filho, sacrificando seu tigre, foi uma dor tão forte, e ela tinha tanto medo de perder o filho, que não percebeu que a proteção o feitiço havia desaparecido e eles foram deixados à mercê daquela tribo. Ela não sabia de quem era o sangue, se eram os seus ou os dos outros, mas eram tantos que ela não conseguia resistir, não com tudo o que havia feito em poucos minutos, então, aceitando seu destino, vendo como o jovens que ele acabara de reviver estavam sendo assassinados sem contemplação novamente, ela lançou uma bênção, para que seu filho pudesse encontrar seu amante em sua próxima reencarnação. Porém, sem perceber, essa bênção duraria por toda a eternidade.