9 • Sombra

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Siyeon POV

Finalmente a beijei. Não estava acreditando, só pensava nisso enquanto estávamos comendo. Foi muito bom, foi viciante, o jeito que nós o intensificamos, o jeito que ela se esfregou em minha perna, o gemido baixo dela... tive que cruzar as pernas com meus pensamentos.

- Siyeon, está me ouvindo? - Yoohyeon diz e eu sou tirada dos meus devaneios.

- O-oi, desculpe, o que disse? - digo envergonhada. Sinto um olhar perverso em mim vindo do meu lado.

- Eu disse que todas temos que fazer grupos e escolher alguém para se apresentar para a faculdade, vale nota. O professor disse que os alunos vão votar, então precisa ser algo que agrada à todos. - ela explica e recolhe todos os pratos, os deixando na pia.

- Okay, mas quem vai se apresentar? - pergunto e instantes depois percebo que todas me olham, então balanço minha cabeça negativamente e levanto da cadeira. - Não.

- Vamos lá, Sing. Você ama cantar e tem uma voz excepcional. Ninguém aqui tem o mesmo talento que você. - Minji se levanta e vai em minha direção.

- Você também canta, Minji. Yoohyeon e Dami também. Por que eu? - pergunto gesticulando com as mãos.

- Eu não queria entrar nesse ponto de vista, mas serei obrigada. Essa apresentação será parte de uma competição. Você sabe que não só Seungyeon, mas todo o grupinho dos populares está em nossa universidade, né? - assim que ela fala, eu a olho. Meu peito gela. - Então, agora pense comigo. A única vez que ela realmente deixava sobressair que te amava era quando você cantava. Se sua voz tem o poder de mexer com aquela idiota, ela também tem o poder de mexer com o grupo. Ela votando em você, todos votam.

Ela estava certa. Realmente Seungyeon somente mostrava sua admiração por mim quando ouvia minha voz, a maioria das vezes sozinha. Nossa primeira vez aconteceu depois de eu ter cantado uma música para ela também pela primeira vez, então realmente fazia sentido.

- Ugh... odeio vocês. - gemo em reprovação e olho para baixo, colocando minha mão em meu rosto e apertando os olhos com força. Ouço comemorações na mesa.

- Vai dar tudo certo, Siyeon. Obrigada por ter aceitado. - Minji diz e me abraça.

- Você acabou comigo no argumento, JiU. Não tinha como recusar. - me afasto e dou um tapa em seu braço. Ela ri. - Aliás, precisava que me levasse na minha casa. Esqueci o carregador do meu fone.

- Você tem certeza? - ela pergunta, apreensiva.

- Sim, preciso ir lá. Vai ficar tudo bem. - sorrio de leve, passando confiança a ela.

- Okay, então vamos. Bora, vem com a gente. - Minji a chama e eu fico confusa até ver sua expressão de divertimento.

- Ah, claro! Estou indo. - ela se levanta e vem atrás de nós em direção à porta. Faço questão de segurar sua mão e entrelaçar nossos dedos.

Descemos até o estacionamento e entramos em seu carro. Fiquei atrás com Bora e Minji ficou sozinha na frente. Assim que ela o ligou, saiu do estacionamento e foi lentamente em direção à minha casa.

- Me falem que vocês já se beijaram. - Minji diz e Bora engasga com a surpresa. - Vocês foram interrompidas duas vezes, não é possível que antes do jantar vocês não se pegaram. - ela completa.

- Minji, é sério? - digo e rio nervosa. Ela apenas me olha pelo retrovisor e logo entendo o recado. - Sim, antes do jantar. Se não fosse por você e pelas meninas, teria acontecido mais cedo. - digo e me sinto mais confortável para puxar Bora mais perto. Ela deixa sua perna em cima da minha e eu faço um leve carinho nela.

- Eu já sabia. Yoohyeon disse que ouviu alguns barulhos um pouco suspeitos quando foi chamar vocês. - ela diz e eu olho para Bora, que retribuiu o gesto. Estava escuto, mas consegui ver que estava corada. Ela escondeu seu rosto em meu pescoço e rimos de nervoso. - Sing... você tem que ver isso.

Olho para a janela e vejo que estamos em frente à minha casa. Minha atenção se prende em um homem na frente da porta, tentando abri-la com dificuldade. Era meu pai.

- Merda... - murmurei e tirei meu cinto. - Não saiam do carro. Fiquem aqui e tranquem as portas. - abro a porta em meu lado e saio, fechando em seguida.

Respiro fundo para tentar diminuir o nervosismo, mas foi em vão. Me aproximo lentamente dele e sinto o cheiro de álcool ficando mais forte. Ele tenta abrir novamente, mas cai se apoiando na porta. Ando mais rápido e o seguro.

- Deixa eu te ajudar. - digo e o apoio seu braço em meus ombros. Destranco a porta e a abro, entrando com ele.

- Sinto sua falta, Seunghee... - ele fala arrastado.

- Eu sei, pai. Vem cá. - o deixo sentado no sofá e tiro seus tênis, subindo suas pernas logo em seguida. Ele se deita e apaga.

Subo as escadas em direção ao meu quarto para pegar meu carregador. Abro a porta do cômodo e entro, o vendo em cima da minha mesa. O pego e fecho a porta do meu quarto, indo em direção às escadas. Quando estava descendo, me dei conta de algo. Bora provavelmente viu a cena toda. Droga.

Ando lentamente pela sala para não acordar meu pai, mas o chão de madeira ruiu. Ele acordou e me olhou, se levantando e fechando seus punhos.

- Além de ser uma inútil, vai me acordar agora? - ele diz de forma raivosa, cuspindo palavras. Ele chega perto de mim lentamente.

Resolvi correr em direção à porta de casa e fechá-la, segurando a maçaneta até ele parar de forçá-la. Ouço a porta do carro se abrindo e alguém se aproximando.

- Sing, deixa que eu tranco a porta. - continuo segurando e ela pega a minha chave que já estava na fechadura, a trancando. Suspiro aliviada e solto a maçaneta.

- Não pode correr para sempre, lobinha... - ele diz arrastado e cantando do outro lado. Assim que ouço seus passos se afastando, abraço Minji e não deixo minhas lágrimas saírem. Bora não podia me ver chorando.

Voltamos para o carro e entramos. Encostei na porta e respirei fundo, fechando meus olhos. Antes de abri-los, sinto uma mão pequena pegar a minha e entrelaçar nossos dedos, fazendo um leve carinho. Resolvo abrir meus olhos e olhar para ela, o que a fez chegar mais perto de mim e me abraçar. Passamos o caminho todo até o prédio de Minji em silêncio e abraçadas.

Assim que entramos no apartamento, subi direto para o quarto. Não conseguiria ficar com as meninas por muito tempo, já que um ambiente confortável dificulta minha tentativa de conter minhas lágrimas. O pior de tudo não foi vê-lo daquele jeito, mas sim saber que ela viu tudo.

Bora havia conhecido minha real sombra, e agora não sabia o que aconteceria.

Shadow • SuayeonOnde histórias criam vida. Descubra agora