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Porchay Kittisawasd

Caminho devagar pelo corredor do hospital, sentindo o peso da barriga sobrecarregar minha coluna e meus pés um pouco inchados tornarem a caminhada para fora do consultório médico mais lenta do que o normal. Hoje foi mais uma consulta de rotina; Kim ficou preso em uma reunião e não pôde me acompanhar. Nossa coisinha está saudável e se desenvolvendo muito bem. Até agora nenhuma complicação, o que impressiona os médicos que me acompanham.

Avisto Kinn em uma conversa com a recepcionista, e o meu coração dispara ao me lembrar do que Porsche me disse na última vez em que conversamos. Preocupado, me aproximo do meu cunhado.

- Kinn? O que faz aqui? Onde está o meu irmão?

- Porchay? - Ele parece tão surpreso quanto eu. Seu olhar se volta para minha barriga, e eu, instintivamente, puxo o moletom para mais abaixo. É tudo o que cabe agora.

- Porsche teve uma queda de pressão. Ele está sendo observado, tomando soro agora.

A notícia me atinge como um soco no estômago, e uma onda de alívio se mistura com a preocupação. Pergunto apressadamente:

- Uma queda de pressão? Como isso aconteceu?

Kinn suspira antes de explicar:

- Ele estava trabalhando quando de repente se sentiu tonto e fraco. Alguém o encontrou desmaiado no escritório. Por sorte, trouxeram-no para cá a tempo. Eu vim assim que soube.

Suas palavras ecoam em minha mente, e a imagem de Porsche desmaiado me assusta. Não importa o quão ruim esteja nossa relação atualmente, ele ainda é o meu irmão, e eu o amo, apesar de tudo. Porsche é a única família que os meus pais deixaram, e eu sou a única família que restou para ele. Perdê-lo nunca passou pela minha cabeça, mesmo nas nossas discussões mais terríveis.

- Chay? - Kinn chama, segurando meu braço - Acho melhor você sentar.

Sigo seu conselho e me deixo afundar em uma cadeira próxima. A gravidade da situação me atinge, e uma onda de emoções conflitantes me envolve. A preocupação com Porsche mistura-se com a mágoa das brigas recentes, e eu me pego refletindo sobre as palavras não ditas e os momentos perdidos.

- Eu disse coisas horríveis pra ele - murmuro para mim mesmo.

Kinn anda até um bebedouro próximo e me traz um pouco de água. Aceno, agradecido, virando o líquido de uma vez, desejando algo mais forte.

- Ele vai ficar bem - garante, massageando minhas costas como fazia quando eu era criança - Vocês vão se resolver, eventualmente.

Kinn sempre foi a ponte entre meu irmão e eu; era ele quem nos fazia sentar e fazer as pazes. Por vezes, o culpei por nunca ter feito nada para abrir os olhos do meu irmão, mas com o tempo percebi que ninguém é responsável pelas ações do outro; meu cunhado fazia o que estava ao seu alcance, e eu realmente o agradeço por tentar tornar as coisas menos dolorosas para mim.

𝐀𝐭 𝐍𝐢𝐠𝐡𝐭 𝐖𝐞 𝐌𝐚𝐝𝐞 𝐚 𝐂𝐡𝐢𝐥𝐝Onde histórias criam vida. Descubra agora