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Porchay Kittisawasd

Na manhã seguinte, pulei cedo da cama. Era apenas sete horas quando comecei a preparar meu café. E apesar de saber que provavelmente eu colocaria todo ele para fora em algumas horas, eu estava feliz enquanto o preparava. Mine e Macau costumam dormir até tarde, então fiz apenas para mim. A discussão com Porsche no dia anterior devia estar influenciado negativamente o resto do meu fim de semana, mas a noite ao lado de Kim não sai da minha cabeça e eu acabo por esquecer dos mais lençóis em que eu e meu irmão estamos.

Eu estou fodidamente entregue, o que deveria ser um problema, mas não é assim que eu me sinto. Eu nunca me senti assim antes e meus amigos são a prova disso. O máximo que senti foi atração, o que resultou em algumas noites de sexo e... nada. Era o mesmo todas as vezes. Eu nunca me senti verdadeiramente confortável com outras pessoas senão aqueles em que convivo. Sempre tive medo que a pessoa pelo qual eu me apaixonasse fugisse assim que eu contasse sobre o órgão clandestino no meu interior. Eu via como as pessoas ficavam após terem seus corações partidos e desejei nunca passar por isso. Até hoje, o máximo que já senti foi decepção por não conseguir transar com a pessoa pelo qual me interessei, nada que outra foda não pudesse resolver. Meu maior receio e anseio atualmente é Kim Theerapanyakul, o responsável pela coisinha habituando o meu interior. Kim é diferente dos caras com os quais já me envolvi, isso ficou claro no dia em que nos conhecemos. Eu jamais me deixei levar daquela maneira, foi tão irresponsável e excitante.

Encosto na bancada, suspirando enquanto reflito sobre nossa despedida de ontem. A vontade genuína de passar a noite ao seu lado pairava no ar, e a ausência desse momento íntimo me fez sentir a necessidade de me resolver sozinho no banheiro. Certamente, teria sido uma experiência mais significativa do que a solitária busca pelo alívio. Tenho a certeza de que suas mãos são tão habilidosas quanto os dedos que habilmente me prepararam naquela noite inesquecível. Em um gesto automático, cruzo as pernas, um reflexo dos desejos e lembranças que continuam a ecoar em minha mente.

— Pare de pensar, Porchay! — Exclamo, me autorepreendendo. Eu sei o que vai acontecer caso continue a pensar nele; algo como eu preso no banheiro, gemendo seu nome enquanto busco alívio com as minhas mãos.

Coloco o que preparei sobre a mesa e me sento, observando tudo que fiz com um sorriso orgulhoso no rosto. Ponho um pouco do líquido quente na xícara e sinto meu estômago embrulhar; de repente, a comida disposta na mesa não parece mais tão atrativa. Não me dou o trabalho de pôr nada na boca, levanto e vou até o armário em que deixo meus lanches. Macau come tudo o que ver pela frente, seja dele ou não; então, para evitar jogar meu melhor amigo pela sacada, separo minha comida e a tranco, assim aquele idiota não vai pôr suas mãos nela.

Pego um pacote de bolachas e o abro, minha boca saliva. Estou prestes a morder uma quando alguém tira o pacote das minhas mãos.

— Mine! — Exclamo, batendo o pé. — Devolva agora!

𝐀𝐭 𝐍𝐢𝐠𝐡𝐭 𝐖𝐞 𝐌𝐚𝐝𝐞 𝐚 𝐂𝐡𝐢𝐥𝐝Onde histórias criam vida. Descubra agora