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Kim Theerapanyakul

  °。 Um mês depois . ◌

Eu saí do quarto devagarinho, fechando a porta logo em seguida. Estando a uma distância razoável, atendo o celular que não para de vibrar no bolso. O nome de Tankhun brilha na tela. Eu suspiro, já prevendo o que ele irá dizer.

- Oi, Khun - digo, hesitante.

- Criança ingrata! - Ele exclama, mas consigo perceber a brincadeira em sua voz - Quando vem buscar o restante das suas coisas? Porque, pelo visto, você se mudou para a casa de Porchay!

Dou uma risada, conhecendo bem seu jeito dramático.

- Você sabe como é, Khun. A casa dele é mais aconchegante.

- Foi realmente uma perda de tempo educá-lo, não? - Ele brinca, e eu posso imaginar o sorriso travesso em seu rosto.

Eu ando até a cozinha, equilibrando o telefone entre o pescoço e a orelha, abro a geladeira e me sirvo um pouco de água.

- Admita que sente minha falta.

- Como ele está? - pergunta, mudando drasticamente de assunto.

As últimas semanas não foram fáceis para Porchay. Depois daquela noite, passamos a nos ver com frequência. Ele voltou a frequentar seu curso, e como sua universidade fica perto da minha empresa, eu o levava e buscava todos os dias. Às vezes, o levava para casa, e em outras, dormíamos na sua. Quando não estávamos juntos, estávamos conversando via chat. Não tínhamos um status definido, mas estávamos felizes; então, a gravidez começou a apresentar sinais de que não ia bem. Nossos médicos nos alertaram sobre isso. Não podíamos fazer nada além de esperar pelo dia em que o bebê parasse de se desenvolver e morresse. Eu achei que seria fácil; afinal, fui avisado disso desde o dia em que descobrimos, mas ainda foi incômodo sair do consultório com a notícia de que a qualquer momento perderíamos o laço que nos uniu. Não lidei bem com a ideia, nem Porchay; não chegamos a conversar sobre, mas eu sabia que ele não estava bem, então me ofereci para passar alguns dias aqui, e ele sequer pensou antes de dizer 'tudo bem'. Mine e Macau também acharam uma boa ideia.

- Ele está tentando lidar com tudo da melhor maneira possível, mas sabemos que não está sendo fácil para ele. - Respondo, sentindo um aperto no peito.

Khun permanece em silêncio por um momento antes de dizer:

- E você? Como está lidando com tudo isso?

Respiro fundo antes de responder.

- Eu... não sei.

- Como diabos não sabe? Eu não te ensinei a se expressar? Céus, onde eu errei?

Eu rio, encostando na bancada. Somente meu irmão consegue transformar uma conversa potencialmente triste em algo divertido.

- Eu não sei como me senti sobre isso - digo, olhando para a porta do quarto onde Porchay descansa. - Achei que seria fácil, mas não. Uma parte de mim queria muito que essa criança nascesse. Eu sempre quis ser pai, você sabe; Summer e eu fazíamos planos, quer dizer... Eu fazia.

𝐀𝐭 𝐍𝐢𝐠𝐡𝐭 𝐖𝐞 𝐌𝐚𝐝𝐞 𝐚 𝐂𝐡𝐢𝐥𝐝Onde histórias criam vida. Descubra agora