Porchay Kittisawasd
O despertar acontece lentamente, como se eu emergisse de um sono profundo e reconfortante. Sinto uma leveza no corpo, meus olhos ainda lutam para ficarem abertos. As luzes suaves do ambiente hospitalar começam a se infiltrar em minha consciência, revelando contornos borrados e cores suaves. Minha primeira percepção é a sensação de mãos quentes entrelaçadas com as minhas. Ergo os olhos com dificuldade, e lá está Kim, com a expressão carregada de alívio e alegria. Seu rosto se ilumina ao perceber que estou acordando, e eu não posso evitar sorrir fraco em resposta.
— Porchay... — ele sussurra meu nome, como se fosse uma prece atendida. Seus olhos refletem uma mistura de emoções intensas.
Aos poucos, o ambiente ao meu redor ganha nitidez. Ainda estou em uma sala de recuperação, a maquinaria médica sussurrando sons familiares. Minha mão, agora mais consciente, aperta a dele com ternura. Kim não solta meu olhar, como se temesse que eu pudesse desaparecer a qualquer momento.
— Você está bem? — murmuro, minha voz ainda fraca e rouca.
Ele assente, mas seus olhos revelam a preocupação que mal consegue esconder. Kim se aproxima, depositando um beijo suave em minha testa.
— Você passou por uma cirurgia de emergência. Foi assustador. — Sua voz vacila, e eu percebo a profundidade do medo que ele enfrentou enquanto eu estava sedado.
— Estou aqui agora. — Tento confortá-lo, acariciando sua mão com o polegar.
Nossos olhos se encontram, e uma comunicação silenciosa se estabelece entre nós. É como se palavras fossem desnecessárias diante da intensidade do que compartilhamos. Eu me perco naquele olhar, grato por estar acordado, por ter Kim ao meu lado.
Sinto um incômodo na região da cirurgia, uma pontada de dor que me faz franzir a testa. Minha mão instintivamente vai ao curativo, e posso sentir a rigidez ao redor do local da incisão. Kim percebe meu desconforto imediatamente.
— Como está se sentindo? — ele pergunta, preocupado.
— É só... dor e um pouco de desconforto.
Ele segura minha mão com delicadeza, como se quisesse transmitir sua força e apoio através do toque.
— Aconteceu muita coisa enquanto você estava desacordado
— E eu vou querer saber de todas, mas agora, onde está o bebê? — Olho ao redor do quarto, buscando a criança que carreguei por longas trinta e sete semanas.
Kim sorri, afasta-se e vai até o pequeno berço no canto do quarto. Com jeitinho, ele pega o bebê e o enrola nos braços. O chorinho suave do neném ressoa e uma lágrima escapa dos meus olhos.
— Shh, está tudo bem — Kim murmura, caminhando devagar até mim. — Sabe o papai que eu te falei, hm? Você vai conhecê-lo agora.
Fico apreensivo, uma sensação que não sei exatamente de onde vem. Não é como se, de alguma forma, ele não fosse me reconhecer. Mas é como se, de repente, todo o peso da responsabilidade de ser pai batesse à minha porta.

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𝐀𝐭 𝐍𝐢𝐠𝐡𝐭 𝐖𝐞 𝐌𝐚𝐝𝐞 𝐚 𝐂𝐡𝐢𝐥𝐝
Фанфик↳ ❝ No dia do seu casamento, Kim vivenciou a dolorosa revelação de que a mulher que amou por toda a vida não compartilhava dos mesmos sentimentos. Abandonando a cerimônia que deveria consagrar a relação que ele tanto prezava, Kim buscou refúgio nas...