Capítulo 10

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|Solange - continuação|

— Obrigada pelo presente, ele amou muito! — olhei para Kauã, que organizava seu brinquedo sobre a mesa.
— Por nada! — me deu um breve sorriso. — Eu não quis comprar suas desculpas, nem a do Kauã, mas eu vi que ele tem muito interesse pelo trabalho que eu faço e eu só queria incentivar.
— Eu entendo, fico feliz que existam pessoas que acreditam nos sonhos do meu filho, além de mim. — levantei os ombros, voltando minha atenção para Kauã novamente.
— Eu te liguei ontem, pensei em ligar mais uma vez, mas fiquei com receio de te incomodar...
— Eu pensei em retornar, mas fiquei com vergonha. — respondi, rindo. — Porque era mais de seis horas, pensei que estivesse no seu descanso e aí tive medo de atrapalhar.
— De forma alguma! — riu, negando com a cabeça. — Mas podemos conversar agora se quiser. — apontou para uma das cadeiras na mesa.
— Tudo bem, pode ser! — dei de ombros.
Me aproximei da mesa e antes que eu puxasse a cadeira pra sentar, ele puxou pra mim. Eu agradeci e me sentei, fiquei um pouco surpresa, afinal eu normalmente saía com homens que não sabiam nada de cavalheirismo, como o Matheus, por exemplo.
Rafael precisava de alguém que trabalhasse duas ou três vezes na semana, ele ainda disse que se eu trabalhasse três vezes na semana, então eu teria carteira assinada, tudo legalmente organizado. Com toda certeza do mundo, é uma oferta de emprego bem melhor que a do salão, onde eu comecei a trabalhar.
Combinamos que semana que vem eu iria fazer um teste e se desse certo, eu estava contratada.
— Obrigada pela oportunidade, espero que dê tudo certo. — agradeci ao Rafael.

[...]

Terminei de conversar com Rafael, ajudei Kauã a guardar seu brinquedo na caixa e nos despedimos. Peguei minhas sacolas com dona Sílvia, contei da novidade e ela ficou mais feliz que eu mesma estava.
— Amei meus soldadinhos. — Kauã andava abraçado com sua caixa.
— São lindos, filho! — respondi, abrindo o portão de casa. — Entra e vai tomar banho, a mamãe vai preparar o nosso almoço.
— Tá bom, mamãe. — Kauã entrou em casa assim que abri a porta. Deixou seus soldadinhos sobre a mesa de centro e correu para o banheiro.
Enquanto eu organizava as coisas para o almoço na cozinha, escutei chamando por mim no portão, quando abri a porta, dei de cara com o cínico do Matheus.
— O que você quer? Inventar mais alguma desculpa pro seu filho? — esbravejei, parada na porta.
— Eu te vi lá na padaria da dona Sílvia. — cruzou os braços.
— E?
— Eu vi aquele soldado lá dando um presente pro meu filho, todo cheio das intimidades com você e com o Kauã, não gostei dessa porra, Solange!
— Isso é sério? — o encarei incrédula. — Você nem liga pro seu filho, é um pai de merda e agora vem aqui chamar minha atenção sem nem saber da história. Vai pro inferno, Matheus!
— E o que ele queria?
— Não é da sua conta! — fui ríspida. — E vai embora! Para de me infernizar, tenho mais o que fazer agora.
— Solange, eu estou falando com você, porra! — esbravejou e eu bati a porta na sua cara.
— Quem tá aí, mamãe? — Kauã gritou lá do banheiro.
— Ninguém, filho! Continua seu banho. — respondi, entrando na cozinha. — Era só o que me faltava, meu Deus. — sussurrei para mim mesma.

...

SUNSHINE (Luan Santana)Onde histórias criam vida. Descubra agora