Capítulo 47

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|Solange|

Deixei Kauã no colégio e desci o morro, para pegar o ônibus no mesmo ponto de sempre, eu desci sozinha e estava tudo ótimo, até Matheus chegar e eu jurava que ele não fosse me reconhecer, justamente porque soltei minhas tranças.
— O que foi? — questionei, sem parar para escutá-lo.
— Você consegue ficar mais gata do que já é, puta merda, hein pretinha?! — Matheus caminhava ao meu lado, como se fôssemos bons amigos.
— Eu sei. — não agradeci ao seu elogio e continuei descendo, passando por um grupo de turistas que atrasou a passagem de Matheus. Olhei para o outro lado da rua e avistei Rafael ao lado de Toledo, acenei na sua direção e ele fez o mesmo pra mim.
— Eu fiquei sabendo que você saiu com ele. — Matheus voltou a me acompanhar, me fazendo revirar os olhos. — Que merda, hein? Onde você foi parar, Sol?!
— Antes com ele do que com você e outra, eu não te devo satisfação, Matheus! — esbravejei impaciente.
— Você nunca me deu uma chance depois dos erros que cometi, Sol! — parou de uma vez na minha frente. — E agora, esse maluco chega aí do nada e você já está de graça com ele...
— Eu NUNCA vou te dar chance alguma, se liga, Matheus! — o empurrei para o lado. — E se me der licença, preciso ir para o meu serviço.
— Você vai ver que ele não é nada disso que você está pensando, que ele é só mais um fardadinho de merda que você fica dando moral, achando que ele é homem mesmo e que ele realmente presta. Vai vendo, Solange!
— O fardadinho de merda por acaso sou eu? — escutei a voz de Rafael e virei para trás no mesmo instante.
Matheus o encarava sem saber o que responder.
— Meus papos com a Solange, não é do seu interesse, tá ligado?! — Matheus apontou na minha direção e depois na direção de si mesmo.
— Não tenho papo nenhum com você, Matheus, cai fora!
— Vou te acompanhar até o ponto de ônibus, Solange, visto que tem alguém te atrapalhando e te incomodando. — Rafael desviou sua atenção a mim e eu assenti, sem relutar.
— Você sempre me salvando! — comentei com Rafael, enquanto descíamos até o ponto de ônibus.
— Eu vi que ele estava te seguindo e imaginei que estivesse atrapalhando...
— E estava demais! — revirei os olhos.
— Está com pressa? — mudou de assunto.
— Não muito, só não posso me atrasar. — apontei na direção do ponto de ônibus. — O meu ônibus passa daqui dez minutos e eu ainda estou atrasada, porque eu devia ter pegado o ônibus antes desse, mas...
— Que bom que não está atrasada... — olhou para os lados, segurou meu braço e me puxou na direção de uma escadaria, que subia por uma calçada estreita.
— O que está fazendo? — sussurrei, confusa.
— Eu sou superior, mas também tenho superiores e eu não quero que algum deles me vejam te beijando e venham chamar nossa atenção. — segurou meu queixo e eu comecei a rir. — Prometo que não vou te atrapalhar pra pegar o próximo ônibus.
— É bom mesmo, ou terei problemas com meu chefe. — ironizei e ele riu.
— Mas só se seu chefe for muito chato pra querer atrapalhar uns beijinhos escondidos. — se aproximou, me dando um selinho demorado.
Segurei seu rosto com as duas mãos e nós dois intensificamos o beijo, o beijo que foi um pouco tímido embaixo da chuva, mas que agora parecia mais atrevido. Eu não gosto de parar pra pensar no que estamos fazendo ou criarei mil coisas na minha cabeça que poderiam atrapalhar tudo entre nós dois. Se duas pessoas se gostam, qual o mal em trocarem alguns beijos?
— Preciso ir agora. — sussurrei, contra os seus lábios. — Ou vou perder o ônibus outra vez!
— Eu posso te ver mais tarde?
— Pode, eu estarei em casa. — soltei seu rosto e ele assentiu, me dando outro beijo antes que eu saísse.

...

SUNSHINE (Luan Santana)Onde histórias criam vida. Descubra agora