Capítulo 33

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|Rafael|

Eu dormi, pensando nas coisas que Solange me disse e pra completar, sonhei com ela e acordei suando frio.
Hoje era dia de voltar para o Vidigal e eu estava feliz em subir o morro novamente, era mais uma chance de ver a Solange e o Kauã.
— Eu comprei uma caixa, os sucos são bons mesmo! — Toledo comentava alguma coisa aleatória, enquanto eu observava a movimentação na rua, procurando Solange com os olhos. — Tem de laranja, maracujá... — fez uma pausa e eu assenti apenas. — Rafael, está me escutando?
— Oi? Estou! — virei na sua direção e ele me encarou, entediado.
— Estava com a cabeça onde? Ou devo dizer... — se aproximou, apontando o dedo na direção de Solange que estava do outro lado da rua, conversando com uma moça. — ou devo dizer em quem?
— Ah, vai se foder, Toledo! — sussurrei ríspido.
— Nossa, que nervoso! — me cutucou pelo braço.
— Ontem eu e ela conversamos e eu fiz elogios a ela e ela também fez elogios a mim... — comentei, sem tirar minha atenção de Solange. — Ela disse que sou um homem incrível e eu dormi, pensando nisso, depois eu sonhei com ela...
— Sonhou como?
— Não te interessa. — franzi o nariz.
— Convida ela pra sair!
— Quê? — o encarei, assustado.
— Tenta a sorte, o máximo que você pode levar é um fora. — levantou os ombros e eu enrijeci o corpo, quando vi Solange atravessando a rua.
— Chama logo! — Toledo sussurrou, impaciente.
— Cala a boca, Toledo! — sussurrei de volta.
— Oi, rapazes! — Solange cumprimentou a nós dois.
— Oi, Solange! — Toledo respondeu antes que eu pudesse falar qualquer coisa. — Eu estou de saída, porque o tenente Rafael disse que quer falar com você e eu não quero atrapalhar! — me cutucou e eu o encarei, assustado.
— Pode falar! — Solange me deu um breve sorriso e eu voltei minha atenção a ela.
— É... bem... eu... — comecei a gaguejar como um idiota. — Como o Kauã está? Faz alguns dias que não vejo ele!
— Ah, ele está bem, graças a Deus! — levantou os ombros, aliviada. — Está tomando os remédios, seguindo as recomendações médicas e por enquanto não está indo ao colégio, peguei um atestado médico, de uns dez dias, só pra ele se adequar aos medicamentos, sabe? Coisa de mãe!
— Ah, que bom! No final da tarde eu passo pra ver ele então.
— Certo, vamos estar a sua espera!
Talvez Toledo tivesse razão, não custa nada tentar, mas e se ela ficasse chateada? Ou se achasse que eu estava confundindo as coisas? Ou pior ainda, se eu tomasse um belo NÃO e a relação entre nós dois esfriasse.
Mas, por outro lado, se eu não tentar, nunca vou saber.
— Eu acho que já vou, só vim aqui te dizer um Oi mesmo! — riu, levantando os ombros.
— Espera um minuto... — pedi e meu rádio mandou sinal. — Espera... — pedi novamente e ela assentiu apenas. — Tenente Rafael...
— Olha, se você não chamar, eu vou te infernizar o dia inteiro, porque você vai estar sendo muito burro, entendeu? Soldado Toledo. — Toledo disse do outro lado do rádio e eu o procurei, furioso, com o olhar.
— O que ele quis dizer? — Solange começou a rir e eu balancei a cabeça, desligando o rádio.
— Ele não me deixa em paz! — olhei ao redor novamente, mas não consegui achar Toledo. — Bom, sobre outra coisa que eu queria falar... — cocei a garganta. Pareço até um adolescente convidando alguém para um primeiro encontro. — Eu não quero que você me entenda mal, nem que me julgue ou que sei lá, eu não sei...
— Não vou saber, se você não falar! — sorriu, arqueando as sobrancelhas.
— Tudo bem... — suspirei fundo. — Desde ontem que venho pensando muito, muito mesmo e hoje acordei pensando... no que me disse ontem e no que eu te disse também... — fiz uma pausa. — e eu achei que... que qualquer dia desses, eu e você pudéssemos sair juntos, como bons amigos, por favor não me entenda mal ou não me ache algum mulherengo, eu só... eu não sei, eu só gosto da sua companhia, gosto muito!

...

SUNSHINE (Luan Santana)Onde histórias criam vida. Descubra agora