Capítulo 74

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|Solange|

Eu não tive reação alguma em tentar separar a briga entre Matheus e Rafael, me afastei bruscamente enquanto Kaique e outros dois rapazes tentavam separar os dois.
A única coisa que eu sei, foi que Matheus tomou socos que doeram até em mim.
No fundo, eu sabia que já estava passando da hora do Matheus encontrar alguém que tomasse uma atitude assim, talvez não resolvesse de nada, porque ele vai continuar o mesmo o imbecil de sempre, mas achar alguém que o coloque no seu devido lugar, é satisfatório. Mais satisfatório ainda é saber que existe realmente alguém que se importe dessa forma comigo.
— PAREM, PAREM COM ISSO! — gritei, puxando Rafael pela camisa.
O sangue no nariz de Matheus e o corte na boca de Rafael me assustaram, não devia ter chegado a esse ponto. E eu me sentia estupidamente envergonhada de ter colocado Rafael nessas circunstâncias.
— Pelo amor de Deus! — segurei o rosto de Rafael com as duas mãos. — Já chega, você cortou a boca!
— Tomou a surra que merecia! — escutei Kaique implicando com Matheus que era ajudado por outros dois rapazes. — E se você não sumir daqui agora, eu quem vou te arrebentar!
— EU VOU LEVAR ISSO AOS SEUS SUPERIORES, EU VOU FERRAR VOCÊ! — Matheus gritou, apontando o dedo na direção de Rafael. — SEU TENENTE DE MERDA, ESPERO QUE O KAUÃ TENHA VISTO O QUE VOCÊ FEZ!
— CHEGA, MATHEUS! — gritei, virando bruscamente na sua direção.
— Vai embora, Matheus. — dona Mara pediu. — Evita piorar a situação, por favor!
— Vamos entrar, pra cuidar desse corte na boca. — pedi e Rafael assentiu em silêncio.
— Eu vou ferrar você, eu vou comunicar seus superiores, você vai ver. — Matheus continuava ameaçando Rafael, enquanto era tirado dali pelos dois meninos que o puxavam.
— Ele não vai fazer nada, eu vou falar com ele. — avisei ao Rafael e ele negou prontamente.
— Você não vai falar com ele, Sol! Deixa ele levar isso a quem ele quiser, eu me viro com meus superiores, mas você não tem que pedir nada, nem implorar nada a ele, porque diferente dele, eu sei arcar com as consequências dos meus atos.

Quando entramos em casa, eu fui logo procurar por Kauã, ele estava no seu quarto, sentado na cama e com as mãos no ouvido.
— Tudo bem, filho? — me aproximei e ele assentiu, tirando as mãos do ouvido.
— Por que estavam brigando? — esbravejou.
— Coisa de adulto! — respondi. — Você viu alguma coisa?
— Não, eu fiquei com medo do meu pai, fiquei com medo dele brigar comigo. — murmurou, cabisbaixo.
— Já passou, está tudo bem e ele não vai e nem pode brigar com você! — me aproximei, deixando um beijo na sua testa. — Mamãe vai cuidar rapidinho do tio Rafael e já volta.
— O que aconteceu com o tio Rafael? — desceu da cama e saiu apressado do quarto.
Quando entramos na sala, Kaique entregava uma pequena compressa de gelo nas mãos do Rafael.
— Por que você machucou? Você brigou com alguém? — Kauã questionava, atento ao corte na boca de Rafael.
— Eu caí. — Rafael respondeu, passando a mão no cabelo de Kauã. — Fica tranquilo, eu estou bem!
— Deixa eu ver... — me sentei ao lado de Rafael, segurei seu queixo e olhei atentamente para o corte no seu lábio inferior. — Sangrou muito?
— Não, eu já lavei a boca também. — disse e eu assenti, soltando seu queixo.
— Vem aqui, menino, me conta como foi na praia e na casa do tio Rafael. — Kaique chamou Kauã na direção da cozinha, me deixando a sós com Rafael.
— Me desculpa. — murmurei, cabisbaixa. — Eu não queria te colocar no meio disso, agora me sinto envergonhada por tudo que aconteceu...
— Sol, eu entre nisso porque eu quis! — segurou meu queixo, fazendo com que eu olhasse pra ele. — Eu não ia simplesmente escutar ele te chamando de vadia na minha frente e não fazer nada.
— Mas você vai ter problemas com seus superiores...
— Que se dane. — suspirou, levantando os ombros. — Se ele quiser levar para o jornal, que leve! Eu não me arrependo do que fiz e faria de novo.

...

SUNSHINE (Luan Santana)Onde histórias criam vida. Descubra agora