|Rafael|
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— Mas você acha que pode dar algum problema muito grande? — Solange questionou.
— Talvez me suspendam por alguns dias, eu acho, não sei muito bem. — levantei os ombros. — Ao menos ficarei em casa desocupado, sem ter o que fazer!
— Espero que não seja grave. — abaixou os ombros, tensa.
— Fica tranquila, Sol! Eu sei me virar com meus superiores. — segurei sua mão, apertando-a levemente. — Eu provavelmente ficarei suspenso das minhas atividades por alguns dias ou por uma semana, nesse período não vou poder subir no Vidigal nem pra visitar vocês...
— Eu e o Kauã te visitamos, fica tranquilo. — respondeu prontamente. — Acha que há alguma possibilidade deles te transferirem? Por exemplo, você não trabalhar mais aqui na base do Vidigal e sim em outra base, outra favela...
— Não, acho que não. — franzi o nariz. — Espero que não!
— Eu também espero que não. — apertou minha mão.
— De qualquer forma, não quero que você procure o Matheus pra tentar reverter essa situação, tudo bem? — pedi e ela assentiu, em silêncio. — Vamos, Sol, promete pra mim que não vai atrás dele por causa disso...
— Prometo que não vou! — suspirou fundo. — Apesar de...
— Muito bem, você não vai! — deixei um beijo na sua testa.
— Vou buscar mais gelo! — Solange levantou-se e eu assenti, me recostando melhor no sofá.
Tirei meu celular do bolso e haviam várias mensagens de Toledo, comentando a respeito do que aconteceu entre eu e Matheus.
"Cara, eu fiquei sabendo do que aconteceu, você perdeu a cabeça????"
"Todo mundo no quartel está comentando já, o capitão está fazendo vista grossa, fingindo que nada aconteceu, mas se o Matheus abrir a boca, você 'tá' ferrado."
"Eu disse pra ficar longe daquele cara, ele é problema, porra!"
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[...]
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Segunda-feira, oito horas da manhã, fui convocado a comparecer no quartel, de farda e sem atraso.
Eu sabia o que vinha pela frente e compareci como mandaram, sem atrasos, de farda e pronto para escutar uma possível bronca do capitão.
— Boa sorte. — Toledo murmurou, quando liberaram minha entrada na sala do capitão.
— Obrigado.
Entrei na sala do capitão Lustosa e ele me esperava com cara de poucos amigos. Eu nunca tomei bronca dele, sempre fui seu favorito, desde quando eu não passava de um mero recruta. Bati continência e ele suspirou, apontando para que eu me sentasse na cadeira a frente da sua escrivaninha.
— Eu não ia te suspender. — cruzou os braços. — Eu ia fazer vista grossa, fingir que nada estava acontecendo.
— Mas aconteceu, capitão...
— Eu sei, mas eu ia fingir que não. — arqueou uma sobrancelha. — Sou o capitão, faço o que eu quiser! — me olhou e eu assenti, em silêncio. — Entretanto, o Matheus me procurou e me relatou o ocorrido e ele estava com o nariz roxo, com um curativo, porque machucou feio o nariz e você foi o responsável. Todo mundo no quartel viu, ele veio praticamente exigir que eu tomasse alguma providência. — revirou os olhos. — Vou ter que te suspender por quinze dias!
— Quinze? — questionei incrédulo.
— Você quase quebrou o nariz dele, tenente Rafael! Se eu não for rígido com você, vão vir pra cima de mim. — respondeu impaciente.
Suspirei, em silêncio.
— Suspenso das suas funções e nesses quinze dias, você está proibido de subir no morro. — murmurou, assinando alguns papéis. — Assine a sua advertência. — virou os papéis na minha direção. — Se descumprir minhas ordens, eu vou tomar providências mais rígidas!
— Entendi. — terminei de assinar minha advertência e devolvi os papéis na sua direção.
— No mais, eu fiquei sabendo do que aconteceu e do que motivou a briga... — fez uma pausa. — Que fique entre nós, mas eu teria a mesma atitude que a sua!
— É...
— Dispensado! — se recostou na cadeira. — E nem pense em subir naquele morro durante quinze dias ou vou te transferir de base!
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SUNSHINE (Luan Santana)
Fanfiction- Fanfic postada em 2020 no perfil do instagram: umaescritoramb; - Ela foi revisada por cima na época, então pode conter um erro ou outro; Qualquer dúvida, sugestão ou correção, podem me chamar na DM do instagram "umaescritoramb"