23 - DO PORÃO DO MEU PAI ADOTIVO

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Osamu pestanejou antes de abrir completamente os seus olhos. À sua frente estava o semblante aterrorizante de Ōgai. O olhar estava dirigido aos lábios de Osamu, que ficou agoniado lembrando dos velhos tempos, como quando era ainda uma criança.
O moreno tentou se mexer, mas estava preso. Tentou falar, mas sua boca estava tapada. Era melhor assim, daquela forma era menos provável que Mori o beijasse à força. Era difícil de respirar.
-Ora, ora ora, quem temos aqui? Dazai, bem-vindo de volta a casa. Nem sei porque fugiu. O apartamento que eu te dei não serve? Tem saudades de dormir comigo, é? Tarde demais, você nem faz falta mais...vou te conceder seu profundo desejo de morrer, pra poder finalmente ficar perto de seus queridos pais.
Lágrimas quentes rolavam pelo rosto do moreno. Ele não gostava daquelas lembranças. Não as queria relembrar. Ele arrependia-se amargamente de ter matado seus pais. Devia ter ficado na rua. Ele era só um pequeno brinquedo para Mori, podia facilmente ser descartado se Mori quisesse, e não ia fazer tanta diferença mesmo...

No dia seguinte, Chuuya esperava ansiosamente pela visita de seu namorado, que viria a meio da tarde. As horas passavam, e Nakahara estava cada vez mais empolgado para o ver. Mas começava a achar estranho que Osamu estivesse a demorar tanto tempo. Passavam 10, 20, 30 minutos e ele não aparecia. Nem seguer respondias às mensagens do ruivo, o que não era habitual. Ele começou a ficar preocupado.

-"Amor já está vindo?" "Quero ver você " "Amor?" "Tá tudo bem?".... coitado de seu namorado, vai ter um desgosto...
Mori soltou uma risada nasal enquanto lia as mensagens de Chuuya em voz alta. Infelizmente, Nakahara não iria ter nenhuma visita dele nesse dia. Nem nos próximos.
-Legal! Agora vai ser ainda mais fascinante torturar você. O que acha, filho?
Filho? Quem ele pensa que é para me chamar de filho?!
-Me recuso. Eu não sou filho de você, seu monstro!
-Está pondo lenha na fogueira...é isso que vai querer? É isso que vou dar pra você então.
Mori chamou então dois homens que lhe trouxeram um punhal.
-Vai ser tão divertido ver você sofrer.

-Yosano-sensei, o Dazai não está respondendo, acho que algo aconteceu.
"Se eu não vier é porque algo aconteceu." Espero que ele esteja bem.
-Já tentou ligar pra ele?
-Não, vou tentar agora.
-Ponha o altifalante.
Chuuya ligou a Dazai e o telefone foi atendido.
-Estou?
Dazai não começa assim as chamadas. E a voz é diferente. Quem será ele? O que aconteceu?
Yosano reconheceu de imediato a voz daquele que falava.
-M...Mori?...
-Parece que fui descoberto...Dazai, quer falar oi pra galera?
Mori ligou a câmara e Dazai apareceu com a boca tapada e o corpo amarrado na cadeira. Ele estava pálido e o seu olhar estava petrificado olhando para o ruivo.
-Desculpe Chibiko... - Dazai sussurrou com as poucas forças que tinha.
Ōgai encostou um punhal na garganta de Osamu, que fechou os olhos em desistência. Ia mesmo para perto dos pais dele naquela noite.
-Querem assistir o show gratuitamente?
-NÃO MATE O DAZAI! NÃO SE ATREVA--
Chuuya ficou paralisado ao ver a faca começar a perfurar a pele.

Dazai gemia de dor enquanto a faca de Mori rasgava a pele da sua garganta. De repente, a faca parou de se mover. Dazai abriu os olhos meio a medo. A faca brilhava em tons de vermelho-vivo e Mori não conseguia mais movê-la. Dazai, ao perceber o sucedido, apressou-se a olhar para a tela do celular e viu Chuuya suspenso no ar. Seus olhos estavam completamente vermelhos e seu corpo brilhava em tons de vermelho vivo. Akiko e Kyouyou - que entretanto tinha chegado - estavam surpresas. Ninguém ali sabia que o poder do ruivo funcionava à distância. Nem o próprio ruivo sabia disso.
O punhal começou a mover-se sozinha e Mori já não conseguia controlar os movimentos dela. A faca moveu-se sozinha, virando-se em direção ao estômago de Ōgai. O punhal começou a brilhar mais intensamente, tal como os olhos de Nakahara, e logo perfurou a barriga de Mori. Em seguida, os pés de Ōgai afastaram-se do chão, fazendo o mesmo ficar suspenso no ar. As cordas que prendiam Dazai desamarraram-se e ele caiu no chão. Em seguida a cadeira onde o moreno estava foi levantada e atirada contra a cabeça de Mori uma e outra vez. Depois disso, tudo deixou de brilhar e caiu no chão. Nakahara deixou de brilhar e caiu na cama e, ao recuperar os sentidos, levantou-se de imediato.
-Tenho de salvar o Mackerel.
Chuuya correu até à saída do hospital e usou o Arahabaki para sobrevoar a cidade. Ele não sabia onde Dazai estava, seguiria apenas e só o seu instinto.

Chuuya regressou ao chão em um beco sem saída. Aproximou-se da parede e retirou as suas luvas pretas encostando as suas mãos em cada tijolo. Ao encontrar um tijolo irregular, fez pressão contra o mesmo e sentiu-o a adentrar na parede.
Sem saber o que estava a fazer, afastou-se da parede e deixou que uma passagem aparecesse. A porta ia dar a umas escadas, e Chuuya desceu.
Já no andar de baixo, Chuuya viu seu namorado no chão, sangrando.
-Mackerel! Respira, fica comigo...
-Meu...docinho?..
-Sim sou eu, não me deixa, por favor...
-Dazai apontou para Mori.
-Olhe...ele vai morrer em 3...2...1...Agora.
Nesse preciso momento, o corpo de Mori explodiu. Chuuya ficou chocado.
-Você...planeou tudo.
-Hmmmm...porque acha que me chamam de demónio prodígio? Quando matei Verlaine e roubei todos seus documentos, eu percebi que ele estava a trabalhar para Mori. Aí eu inseri uma microbomba na comida dele.
-Isso não muda o facto de que vai morrer. Vou ligar para Yosano-sensei.
-Espere...não vai simbolizar que essa morte foi provocada pela máfia?
Chuuya sorriu de lado e aproximou-se de Mori, esmagando sua mandíbula e lhe dando 3 tiros no que restava do seu peito. Em seguida, se aproximou de Osamu e o puxou para o seu colo, o beijando. Dazai começou a fazer carinho no rosto de Chuuya.
-Não que a gente tenha todo o tempo do mundo né, Mackerel...
-Se eu vou morrer, tenho que morrer feliz.
-DEIXA EU FAZER A PORRA DA LIGAÇÃO!

𝑪𝒐𝒏𝒕𝒂 𝑪𝒐𝒎𝒊𝒈𝒐 - 𝑺𝒐𝒖𝒌𝒐𝒌𝒖Onde histórias criam vida. Descubra agora