O PESO DA CONSCIÊNCIA

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Talvez eu seja apenas o ralé das almas inferiores. Meus olhos servem como lentes e espelhos das outras almas; sou tão podre e meu olfato tão aguçado que nem mesmo o menor odor da podridão humana me escapa. Poderia isso ser considerado um dom? À medida que penso e sinto mais profundamente, percebo quão insignificante, medíocre e sujo sou. Daí advém grande parte das minhas angústias: saber que não sou melhor nem diferente dos demais, mas sim, tão pior quanto eles. Estar consciente da minha própria natureza, e da natureza da espécie humana, não pode ser uma dádiva, mas sim um completo absurdo. Um fardo insuportável. Como suportar tal peso e ainda assim seguir em frente? Como Sísifo poderia encontrar algum tipo de contentamento, ser feliz em seu eterno castigo?

Neste mundo de sombras, sou um espectador de mim mesmo, observando o espetáculo decadente da humanidade com uma lucidez amarga. Cada interação, cada olhar trocado, apenas reforça a dolorosa realidade: somos todos prisioneiros de nossas próprias fraquezas e ilusões. Como posso encontrar redenção em um mundo onde a virtude parece ser uma ilusão fugaz e o pecado uma realidade inescapável?

Diário de Alguém que Cresceu às PressasOnde histórias criam vida. Descubra agora