À MARGEM DO (A)MAR

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Estes dias, fui à praia e, enquanto aproveitava para observar o balançar dos coqueiros e o quebrar das ondas, um casal jovem chamou a minha atenção. Eles brincavam no mar por um bom tempo, aproveitando cada minuto juntos, tornando aqueles instantes inesquecíveis.

Era evidente que o tempo passava de forma diferente para eles. Pela maneira como se divertiam, parecia ser talvez o primeiro amor. Naquele momento, memórias agridoces vieram à minha mente, misturadas com um toque de sutileza, contemplação e alegria por eles. No entanto, mesmo que inconscientemente, devido às experiências do passado, eu comecei a imaginar o outro lado da moeda: quando tudo isso termina e eles se lembram um do outro como completos estranhos, incapazes de recordar esses momentos como se nunca tivessem existido, únicos e eternos que compartilharam juntos. A pergunta que talvez mais atormente a alma nesse momento seja: o amor acaba?
Prefiro pensar que o amor é algo volátil, em constante resignificação e transformação.  Mesmo que, por vezes, esses amores se convertam em dor e ódio. Todo sentimento é eterno enquanto dura e verdadeiro à sua maneira.

À medida que observava o casal na praia, percebi que o amor é como um oceano vasto e profundo, cheio de mistérios e surpresas. Assim como as ondas que quebram na praia, o amor pode ser imprevisível, trazendo momentos de alegria e, às vezes, de tristeza. É uma jornada que nos faz sentir vivos, mas também nos desafia de maneiras que nunca poderíamos imaginar.

Aquele casal na praia continuou a ser um lembrete vívido de como o amor pode ser belo e efêmero ao mesmo tempo. Eles riam, se abraçavam e pareciam estar totalmente absorvidos um pelo outro, como se o mundo ao seu redor tivesse desaparecido. Era como se estivessem escrevendo uma história de amor única, repleta de momentos eternos.

Porém, à medida que o sol se punha e a praia começava a esvaziar, lembrei-me de que o amor também pode ser frágil. Às vezes, ele desvanece gradualmente, como as pegadas na areia apagadas pelas ondas. Ou, pior ainda, ele pode se romper de maneira abrupta, deixando cicatrizes profundas no coração. É um lembrete de que o amor, embora eterno em sua essência, pode ser vulnerável em sua manifestação.

No entanto, essa vulnerabilidade não deve nos desencorajar, mas sim nos lembrar de que o amor é uma força poderosa e transformadora. Ele nos ensina, molda-nos e nos leva a novas alturas, mesmo que, às vezes, também nos leve a quedas profundas. No final, é a jornada do amor que importa, não apenas o destino. Afinal, o amor verdadeiro é como um coqueiro resistente que, mesmo balançando ao vento, permanece firme e cresce mais forte com o tempo.

O amor é perfeito, mesmo com as suas imperfeições. Amar significa, acima de tudo, amar as imperfeições e abraçar a fragilidade um do outro.  Como bem disse Guimarães Rosa: "O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem". Então que sejamos, portanto, loucamente corajosos para amar uma segunda vez e perdoar nosso passado. E mais uma vez tentar viver.

Diário de Alguém que Cresceu às PressasOnde histórias criam vida. Descubra agora